#64 - Hit Me Hard And Soft, Segredos de um Escândalo, musical da Rita Lee
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 13 a 19 de maio de 2024
💿Hit Me Hard and Soft: Eu tinha me esquecido que o álbum novo da Billie Eilish sairia já nesta última sexta, então foi uma boa surpresa quando acordei já com ele disponível no Spotify. Acho que sou uma fã média da Billie; não sigo cada passo dela. O álbum dela de 2021, Happier Than Ever, foi um que eu demorei pra gostar; de início não me pegou muito (depois adorei, justiça seja feita). Mas este lançamento de agora, Hit Me Hard And Soft foi diferente. Eu amei desde o primeiro momento.
Novamente vou deixar claro que este texto não pretende ser uma crítica musical muito especializada e profunda, para isso procurem a Pitchfork, a Rolling Stone, enfim. São só minhas impressões e pontos que achei relevantes.
Primeira coisa é que achei ótimo ter só 10 músicas kkk. Depois de álbuns muito bons, mas muito longos, que foram os de Beyoncé e Taylor Swift, foi um certo alívio ver que foram só dez músicas, um negócio mais conciso, mais editado, mais rápido de consumir, digerir, entender.
E dá pra perceber que houve um cuidado imenso e muito detalhado, muito trabalhado, com estas dez músicas. Todas têm densidade, tem uma produção incrível. Aí não tem como, mais uma vez tem que reverenciar o trabalho e Billie e Finneas, o irmão e produtor dela. Que dupla.
Sinto que estou falando, falando, e não falando nada. Mas basicamente eu achei todas as músicas absurdas e excelentes em todas as camadas de criação. São de altíssimo nível em letra, voz, produção, utilização de instrumentos, samples, trânsito por gêneros musicais, batida, construção de ritmo, melodia, tudo. Li em algum lugar na internet que este álbum é uma aula de criatividade musical e concordo totalmente.
Para tentar exemplificar, é legal observar como as músicas são pop mas também não se limitam a um estilo, a um formato. L’amour de ma vie começa meio baladinha, aí no final entram uns sintetizadores bem anos 80, fica rápida, autotune, doidinha. Lunch já nasceu hit absoluta, “I could eat that girl for lunch” é um verso bom demais. Birds of a Feather é um romance numa toada bem gostosinha, um tipo de música que eu nem esperava ver na Billie, mas que funcionou muito. Impossível cantar essa música sem sorrir no refrão (e o final parece ter um samplezinho de Time to Pretend, do MGMT). E minha preferida, The Greatest, cuja ponte é com certeza a melhor coisa que eu ouvi neste ano. Ela cresce, ela é um acontecimento, ela é incrível. Me emociono toda vez que ouço, juro (e também sinto que ela é meio minha música kkk já vivi isso). E todo o arranjo dessa ponte é o finalzinho instrumental da música Skinny, que é foda também.
Eu não acho que todo artista tenha que ser assim e ser inventido e disruptivo e criativíssimo pra ser considerado bom. Inclusive fazer um bom hit pop, um bom arroz com feijão, já é bem difícil. Mas acho que o que Billie e Finneas fazem é muito absurdo, é muito fora da curva e é extremamente excelente. É muito talento e muito trabalho. Por isso merecem todos os parabéns, todos os prêmios. Parece que Beyoncé ganhou aí uma concorrente forte para o AOTY, mas vamos acompanhar. Que álbum.
Aliás, pop up favorito: para quem se interessar pelo processo de produção de Billie e Finneas, eles mostram um pouco disso no episódio de que participam na série My Next Guest Needs No Introduction, do David Letterman. É insano. E o programa é ótimo, a entrevista idem.
🎥 Segredos de um Escândalo: Eu voltei de viagem esta semana e já voltei atolada de coisa pra fazer, então consumi bem pouca coisa. Por sorte (?) vi dois filmes no voo de volta e gostei de ambos, então vou indicá-los aqui.
O primeiro é Segredos de um Escândalo, um filme que rendeu um certo buzz antes de estrear. Eu achei que levaria várias indicações ao Oscar, mas flopou um pouco, por isso deixei meio de lado, não tinha visto até agora.
De fato, ao assistir, eu não achei assim um graaande filme, mas é bem interessante. Minha impressão é de que é um filme muito dos atores, das atuações. A história é sobre uma atriz, Elizabeth, interpretada pela Natalie Portman, que vai fazer um filme sobre uma história real.
A tal história é sobre Gracie (Julianne Moore), uma mulher na casa dos 30 anos que teve um “romance” com um garoto de 13 anos (judicialmente não sei se é possível um romance de fato nessas circunstâncias, o que é tratado no filme também, por isso as aspas). Ela engravidou dele, foi presa, teve filho na prisão. Quando saiu da cadeia, os dois se reencontraram e ficaram juntos. Estão juntos até o momento em que o filme começa. Elizabeth passa a conviver com a família para entender mais sobre Gracie, quem é essa mulher, como é a vida nessa família.
O filme me pegou bem nessa questão de tentar entender as mentalidades das pessoas ali envolvidas. Quem elas são de verdade, o que elas pensam, o que elas querem. É complexo, e o que eu tirei com certeza é que ninguém bate bem da cabeça, todo mundo é meio lelé das ideias. Mas é bom, as atuações são todas muito boas. A Julianne Moore tá muuuito bem, ela sim merecia um Oscarzinho por mais este trabalho.
Achei um entretenimento bem feito, bem válido, bem psicológico. Principalmente quando você está presa num avião (ou qualquer outro tipo de tédio) e quer fazer o tempo passar. Tá no Prime Video também.
🎥 Assassinos da Lua das Flores: Este filme é tão longo que eu viajei quase 10 horas de avião e ainda assim não consegui terminá-lo no voo. Dormi, acordei, comi, ouvi música, e nem assim cheguei ao fim kkk. Mas ao mesmo tempo ele também é bom e intrigante ao ponto de eu fazer questão de terminar de vê-lo após chegar em casa.
Este foi uma das sensações do Oscar este ano, apesar de não ter levado nada (ou quase nada, não me lembro). Confesso que não assisti antes e tinha certo ranço dele justamente pela duração. Pra mim nada justifica um filme ter 3 horas, isso é coisa de 1) homem, prepotência masculina no auge e 2) gente que não sabe editar. Nada especialmente contra o Scorsese, até acho ele muito bom diretor e um velhinho simpático, mas pelo amor de Deus.
Dito isso, Assassinos da Lua das Flores realmente tem uma penca de cenas que poderiam ter sido cortadas, mas a história é boa, as atuações são boas. É sobre os indígenas da etnia Osage nos Estados Unidos, como eles ficaram muito ricos com petróleo na região de origem e como o dinheiro atraiu interesseiros e começou uma dizimação do povo Osage. Não vou falar muito pra não indicar possíveis spoilers e também porque a história é complexa e intricada, mas é bom. A direção é muito boa mesmo, tem cada cena linda e terrível que é de embasbacar. O cara sabe mesmo fazer filme, só podia ter sido mais enxuto. E a Lily Gladstone maravilhosa, virei fã.
Assassinos da Lua das Flores tá na Apple TV+ e dá pra ver como série, se você não tiver problemas em ver um filme parcelado em 3 vezes (ou mais).
🎭Rita Lee - Uma Autobiografia Musical: Não sou uma pessoa de teatro musical; reconheço que são trabalhos de alto nível, superproduções e tal, mas não está entre minhas expressões artísticas preferidas. No entanto, Rita Lee está muito entre minhas artistas preferidas, daí fiz máxima questão de assistir a Rita Lee - Uma Autobiografia Musical, que está em cartaz em São Paulo.
A peça é baseada na autobiografia de Rita Lee, que é sem dúvida uma das melhores que já li na vida. O livro é muito bem escrito, o texto tem a voz dela (não a voz literalmente, mas no sentido de o jeito dela de contar sua própria história), é magnífico. Indico demais.
Mas enfim, o roteiro (feito pelo Guilherme Samora, que era muito próximo à Rita e coescreveu/editou todos os livros dela) é baseado nas palavras da própria Rita ao contar sua história e é permeado com músicas dela, 40 músicas.
Pra quem é fã, é lindo demais. Eu fui achando que talvez pudesse ser meio sei lá, aquela coisa escalafobética de musical, mas achei muito bom. A forma como as músicas são incluídas e envolvidas na história de vida da Rita é muito bem feita, muito bonita. E toda a produção, figurino, cenografia, banda, tudo impecável, de bom gosto, bom tom, só acertos. A Mel Lisboa está perfeitaaaa como Rita, em vários momentos senti a voz dela (agora sim, literalmente o tom, o timbre de voz, o jeito de falar) muitooo parecida com a da Rita. Os demais atores do elenco também são incríveis —destaque para a atriz que imita a Hebe, ri demais.
Foi também a primeira vez que eu chorei numa peça de teatro. Vejam bem, eu não acho a questão da morte da Rita propriamente muito triste (como a da Gal, por exemplo). É triste como toda morte, triste o câncer e triste pelo Roberto, que demonstra sofrer tanto a falta dela. Mas eu vejo a trajetória dela como algo tão grandioso, uma vida tão bem vivida, que, apesar de ter achado que partiu ainda cedo, sempre penso mais que a presença dela aqui foi tão incrível que o legado é pulsão de vida pra sempre, é alegria, é liberdade. Quando a Mel aparece em cena já de peruca de cabelos brancos e quando toca a música Saúde, me emocionei, uma emoção boa. Feliz por ter vivido no mesmo período que a Rita, por ter tido contato com a obra dela e por ter a arte pra nos salvar e nos fazer feliz a cada dia.
Rita Lee - Uma Autobiografia Musical já estreou com todos os ingressos esgotados, mas eu tenho muita fé que vão abrir mais datas e que o espetáculo deve ir para outras cidades também. Demanda tem!!! Então já deixo a dica, caso haja oportunidade, pra quem quiser ver.
Na arte aleatória da semana, deixo o perfil da artista Caroline, do perfil doot doodles. Gosto muito das ilustrações dela, muitas com algum tom de crítica social ou humor autodepreciativo. Não sei elaborar, mas gosto também que a arte dela me lembra traços de desenhos animados dos anos 1990.
Boa semana =)
Já estou dando play no álbum da Billie e confesso que só consegui assistir Assassino da Lua das Flores por que fui ao cinema kkkk
Amo musicais e estou na reza para que o da Rita venha pro RJ <3