#77 - My Brilliant Friend, Dear Dolly, Fofoca na Calçada
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 9 a 15 de setembro de 2024 :)
📺My Brilliant Friend: Eu tenho muita dificuldade pra escolher um filme favorito, uma série favorita, uma música favorita. Acho difícil ter um item só pra escolher, nem faz sentido. Mas em geral eu sou bem decidida ao dizer que meus livros preferidos de ficção são os quatro da tetralogia napolitana da Elena Ferrante. Fico muito feliz pelo fato de a série de TV baseada nos livros ser tão boa e estar finalmente de volta.
Explicando bem rapidamente, a autora Elena Ferrante escreveu quatro livros sobre a saga de duas amigas napolitanas, Lila e Lenu. Lenu é a narradora da história, que vai desde a infância das duas até a terceira idade. A história é dividida nos livros A Amiga Genial (infância e adolescência), História do Novo Sobrenome (início da vida adulta), História de Quem Foge e Quem Fica (vida adulta) e História da Menina Perdida (vida adulta e maturidade). A série foi chamada de My Brilliant Friend, e cada temporada corresponde a um livro. Estreou nesta semana a quarta e última temporada.
Os livros são extremamente envolventes, bem escritos, e a história vai te pegando como uma novela, até porque o pessoal lá em Nápoles é bem intenso (pra não dizer doido). Psicologicamente e socialmente, é tudo muito interessante, dá pra ir beeeem fundo sobre a condição da mulher na sociedade, mil questões femininas.
Acho que a série consegue adaptar todos os principais elementos dos livros muitíssimo bem. Tudo é absolutamente impecável; as locações, a cenografia, as caracterizações e escolhas dos atores. Até hoje eu sou inconformada com a perfeição e as aparências absurdamente parecidas das atrizes escolhidas pra fazer a Lila.
O roteiro também é impecável, e a própria Elena Ferrante costuma acompanhar todos os processos muito de perto. Dessa vez, eu li que ela estava mais tranquila e fiscalizando menos porque a temporada foi dirigida por uma mulher, então ela confiou que o trabalho seria bem feito. Ela é tudo.
Mas enfim, a quarta temporada mostra novas fases nas vidas de Lenu e Lila, em que as duas têm de lidar com perdas difíceis em suas vidas. É uma ótima oportunidade também para passarmos raiva com Nino Sarratore, um dos piores homens já retratados na história da literatura. Vem aí muito ódio.
Acho que falei até aqui de forma um tanto genérica, pois não quero dar spoiler pra quem não leu/ainda não viu. O que posso dizer ainda para tentar te convencer a assistir é que é uma produção impecável, e as histórias desses napolitanos doidos são conteúdo de primeira qualidade. Essa série é melhor do que a grande maioria de todas as outras coisas disponíveis nas plataformas de streaming, digo com tranquilidade.
📖Dear Dolly: Já falei de Dolly Alderton aqui mais de uma vez, eu realmente amo o trabalho dela. Dolly é uma escritora britânica que ganhou repercussão aqui com o livro Tudo que Eu Sei Sobre o Amor, que é meio autobiografia, meio ensaios sobre relacionamentos. É muitíssimo bom. Depois eu li Oi, Sumido, que também amei muito, escrevi sobre ele aqui. Agora li meu terceiro livro dela, Dear Dolly.
Dolly tem um dos melhores empregos do mundo, que é o cargo de conselheira numa coluna de jornal. Ela recebe mensagens de pessoas pedindo conselhos sobre o que fazer em suas vidas e responde com o que ela acha que a pessoa deve fazer.
Dear Dolly é um livro que reúne o melhor desta coluna; as melhores perguntas e os melhores conselhos. Pode parecer algo banal, afinal a gente já viu esse tipo de formato milhões de vezes, e porque pode parecer fácil dar conselhos - há situações an vida em que claramente todo mundo é capaz de enxergar o que deve ser feito, menos a pessoa envolvida no caso em si.
Mas eu juro que a Dolly é diferente. É especial. Ela é muito muito boa, ela oferece perspectivas realmente perspicazes, e os casos que ela seleciona também são interessantes, muitas vezes nos pegam em pontos particulares.
Por exemplo, o livro traz o caso de uma mulher que é casada e quer saber como ser uma boa amiga para suas amigas solteiras, e eu gostaria que todos os meus amigos comprometidos lessem o que a Dolly escreveu. Tem também o caso de uma menina cujo namorado da amiga deu em cima dela, e a Dolly joga uma série de perguntas pra ela avaliar o que fazer na situação. Ou então o caso de uma pessoa que não sabe como terminar uma amizade de anos que ela acha que não faz mais sentido.
Mesmo que nada daquilo tenha acontecido na sua vida, o que a Dolly oferece é um panorama muito rico sobre relacionamentos, sobre como lidar com pessoas e sobre resolução de problemas. É muito legal mesmo, e eu a amo (já disse isso). Tem quem diga que ela é a Nora Ephron dos millennials. Por mais que eu ache isso um baita elogio (eu acho) e ame a Nora Ephron (e eu amo), eu não a vejo sendo tão generosa e dando conselhos a estranhos tão bem quanto a Dolly Alderton. Ela é especial.
Acho importante, ainda assim, fazer duas ressalvas. É um livro em inglês, infelizmente ainda sem tradução por aqui (se alguma editora quiser me contratar, eu traduzo pra ontem!!). E, por ser um livro importado, ainda é meio carinho. Mas sempre rola promoção na Amazon, eu comprei no prime day, e o valor da versão kindle é um pouco mais suave.
🎧Fofoca na Calçada: Este é um podcast que eu acompanho há anos, desde a primeira edição, mas acho que os últimos episódios têm sido num nível tão alto que quis recomendar aqui.
Fofoca na Calçada é um podcast feito pela Leila Germano e pelo Glaudemias Junior para servir como aquela roda de amigos, aquele clima de cadeira na calçada na porta de casa (se você cresceu em bairro longe do centro ou no interior, você sabe o que é isso).
Leila e Glau começam contando sobre causos de suas próprias vidas ou do contexto geral que vivemos — um dos últimos episódios foi chamado de Setembro Amarelon, em homenagem ao despejo do Twitter ao qual Xandão nos submeteu, graças àquele lixo humano do Elon Musk. Em seguida, eles têm a partilha dos ouvintes, que são causos cabeludos que ouvintes contam sobre histórias e fofocas de suas cidades, seus núcleos familiares, seus trabalhos, enfim.
Se você curte Picolé de Limão, talvez você curta o Fofoca na Calçada também. Se você é cronicamente online, você provavelmente entenderá o linguajar e o humor desse podcast. Se você é zé povinho e sofre e adora rir da desgraça (a sua e a alheia), também pode ser um podcast que te agrade. Eu amo e tem me feito rir muito nas últimas semanas.
🎵Leve: Semana passada eu fui ao último show d’O Terno no festival Coala. Desde antes do show eu já estava ouvindo muito O Terno (faço parte da grande massa de pessoas que se dedica a ouvir as músicas da banda antes do show para ficar com tudo na ponta da língua e ter o máximo de aproveitamento). Porém agora a banda acabou (momentaneamente, eu apostaria), e eu já fiquei com saudade.
Daí eu fui ouvir mais os trabalhos solo do Tim Bernardes. Eu já tinha ouvido, já fui a show só dele, mas nunca tinha ficado ouvindo no repeat, sabe? Nesta semana uma música me pegou demais: Leve.
Eu acho tudo que o Tim faz muito rico, no sentido de ter arranjos belíssimos, os vocais dele absurdos, os instrumentos combinados de forma incrível. Sei lá, você ouve e vê que é outro nível. Leve é uma música meio que sobre deixar o que não serve para trás e seguir seu caminho bem, melhor, mais —surpresa— leve.
Até então, minha música solo do Tim preferida era Recomeçar, mas suspeito de que Leve esteja querendo tomar este lugar.
Na arte aleatória da semana, deixo o trabalho do perfil Orange Juice for Dinner, da artista Liberty Ewan. Ela se descreve como “ilustradora de coisas confortáveis e bobinhas”. Eu amei tudo, me identifiquei com tudo.
Boa semana =)
voltei a assistir my brilliant friend eu juro que cometeria crimes contra o Nino
parei na segunda temporada de my brilliant friend então preciso me atualizar, mas concordo demais com essa adaptação que é maravilhosa. nunca vi uma série de livros ser tão retratada com tanto carinho e detalhe como essa e que bom, porque essa tetralogia merece tudo e muito mais