#19 - Eu Nunca, Rainhas da Noite, overnight oats
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 5 a 11 de junho de 2023 :)
📺Eu Nunca…: A Marina Santa Helena, do podcast Um Milkshake Chamado Wanda, cunhou uma categoria de série chamada “série para fazer a unha”, que consiste basicamente em uma produção leve, divertida, que você pode deixar passando enquanto se dedica a outra atividade mundana, tipo fazer a unha. Foi exatamente isso que eu fiz com a quarta e última temporada de Eu Nunca…, que estreou na Netflix.
O caso é que Eu Nunca é muito boa e muito viciante. Comecei a ver enquanto fazia a unha, terminei a unha e quando vi já tinha assistido a cinco episódios numa tacada só.
Faz uns anos que eu deixei de curtir produções que se passam em high school, mas pra Eu Nunca… eu abro exceção. A série foi criada pela Mindy Kaling e foi por isso que eu comecei a assistir. Os diálogos são muito inteligentes, tem várias piadinhas contemporâneas com referências específicas (tipo essa da Kristen Stewart) e a construção dos personagens é muito boa.
Nesta temporada final, a (ótima) protagonista e anti-heroína Devi (Maitreyi Ramakrishnan) está no último ano do colégio e travando várias batalhas: nos estudos, na vida amorosa, com a família e consigo mesma. Gostei bastante da conclusão, mais uma série que terminou na hora certa. Recomendo demais uma maratona de Eu Nunca….
📖Rainhas da Noite: Fazia tempo que eu estava com esse livro do Chico Felitti na minha wishlist e agora finalmente tive a oportunidade de ler. Rainhas da Noite conta as histórias de três travestis que foram cafetinas em São Paulo entre os anos 1970 e 2000 e tiveram destaque na noite e na criminalidade da cidade durante essas décadas.
Eu tinha muita curiosidade porque, como paulistana que mora hoje a tipo 1 km de onde as ações delas aconteciam, eu nunca tinha ouvido falar de qualquer uma delas e achava que deveria conhecer melhor essas histórias de personagens marginalizadas da minha cidade, do meu bairro.
Isso é entregue demais no livro, assim como uma história rica da noite paulistana, principalmente da perspectiva LGBTQIAP+ —mas na real nem sei se podemos chamar assim, já que na época nem existiam todas essas definições esclarecidas sobre sexualidade e gênero (eu nem sou tão velha e cheguei a ir a balada GLS).
Achei o trabalho do Chico louvável ao jogar um holofote humanizado, cuidadoso e muito relevante sobre as vivências das pessoas da letra T da sigla, além de fazer um trabalho jornalístico incrível, com um número enorme de entrevistas e pesquisa detalhadíssima. Acho também que há um certo nível de romantização das personagens —mesmo sabendo que elas cometeram crimes gravíssimos, o leitor é levado a criar um certo apego a elas, muito pela narrativa. Mas, como diz um dos entrevistados, ninguém é uma coisa só. Eu amei muito, acho que todo paulistano e toda pessoa que hoje gosta e consome conteúdo voltado e relacionado à comunidade LGBTQIAP+ deveria ler.
🎧Rita Lee - Outra Biografia: Um mês após a morte da Rita Lee, enfim peguei o último livro dela, chamado de Outra Biografia. Eu sabia que ela falaria sobre o câncer, mas não sabia que seria um livro só sobre isso, escrito a partir da descobeta dela da doença. Mas aí, conforme fui avançando, interpretei que não era puramente um diário sobre uma paciente oncológica, e sim um relato de finitude, do fim da vida.
São poucas páginas e é uma leitura bem fluida (Rita escrevia muito bem!), eu li tudo em umas duas horas. Enquanto ela falava sobre sessões de quimioterapia, mudanças no corpo, na rotina e reflexões sobre vida e morte, a sensação que eu fiquei foi a de uma pessoa que estava entendendo seu fim e registrando últimos momentos.
É sempre ruim e difícil falar sobre morte, mas pra mim o livro da Rita foi pesado e leve ao mesmo tempo. Pesado pela inevitabilidade do tema e das circunstâncias, pesado porque o fim da vida é foda sempre. Mas leve pela visão dela, pelas palavras, pelas perspectivas que ela escolheu destacar. Dei risada mais de uma vez com coisas que ela escreveu.
Ouvi também o podcast sobre este livro, com o mesmo título, apresentado por Astrid Fontenelle e Guilherme Samora. O segundo episódio é com o Roberto de Carvalho como convidado, e aí é triste e bonito ao mesmo tempo. Muuuuito triste porque é uma dor muito forte, uma saudade enorme, dá pra sentir o pesar dele neste momento de luto. Mas também muito bonito porque um amor tão grande como o deles é algo lindo demais, meu Deus.
(Pode ser óbvio, mas é bom destacar: deixo aqui o alerta de que o livro e o podcast têm gatilhos relacionados a morte/luto. Ambos são bem intensos.)
📺Cortes Sex and the City: Nesta semana, Sex and the City completou 25 anos desde a estreia. É uma das minhas séries preferidas da vida, uma das que mais me marcou e que delineou meu gosto em séries. Talvez hoje se fale mais sobre as falhas (em relação a representatividade, tramas, enfim, problemas da sociedade dos anos 1990/2000 retratados na ficcção) e sobre as tretas (sim, a Kim Catrall odeia a Sarah Jessica Parker) do que sobre o entretenimento de alta qualidade que a série proporcionou, mas isso é só minha irrelevante opinião.
Já assisti e reassisti SATC algumas muitas vezes quando eu ainda era uma jovem com tempo livre, mas faz tempo que não revejo tudo. Em vez disso, tenho matado a saudade com uns perfis no Instagram que fazem cortes de cenas e diálogos marcantes da série. São muitos momentos e frases que envelheceram surpreendentemente bem.
Pra quem não acompanhou Sex and the City e gostaria de entrar neste mundinho de gente rica com probleminhas quase nunca sérios, recomendo demaais And Just Like That (o spin-off muito mais “woke” e consciente) e dois dos meus episódios favoritos da série original: They Shoot Single People, Don't They? (2ª temporada) e A Woman’s Right to Shoes (6ª temporada).
🫙Overnight oats: Eu já fui uma pessoa muito empolgada com café da manhã. Fazia comidinhas diferentes quase todo dia, levava na cama para mim mesma ou para o respectivo da vez, postava fotos, tentava impressionar meus convidados e seguidores com minhas invenções. Até que, por diferentes motivos, dei uma desanimada e fiquei meses numa relação péssima com café da manhã, tipo comer qualquer coisa ou nem comer.
De algumas semanas pra cá, resolvi que estava na hora de dar uma ordem nisso e voltar a comer direito na primeira refeição do dia. Parte disso foi voltar a fazer uma receitinha minimamente saudável (no sentido de não ser trash) e de que gosto muito: overnight oats. Um nome bonito para o que poderia ser traduzido como aveia amanhecida.
Gosto de overnight oats por ser um acompanhamento gostoso para frutas, além de conter boa dose de proteínas e fibras. Vou deixar aqui minha receitinha, que é muitíssimo simples:
1 xícara de aveia (prefiro em flocos finos, mas pode ser outro tipo)
1 xícara de iogurte natural (desnatado, integral, vegetal, tanto faz)
1 xícara de leite (desnatado, integral, vegetal, tanto faz)
2 colheres de sopa de mel (ou outra forma de adoçar de sua preferência - adoçar é opcional)
O modo de fazer é apenas: misturar tudo e guardar na geladeira de um dia para o outro, em vários potinhos ou num potão. Pela manhã, misturo com frutas —acho que combina com mamão, banana, morango ou blueberry, por exemplo. Essa quantidade dá aqui em casa para uns 5 dias, mas você pode fazer metade dela ou o dobro dela, como preferir. Tenho intercalado semanas de overnight oats com semanas de pudim de chia —segundo minha amiga Isabella, o meu é o melhor. Me digam nos comentários se quiserem a receita também.
Para a arte aleatória da semana, escolhi os quadrinhos da ilustradora Diana Robles, @dianaconda. Gosto muito do trabalho dela, principalmente deste em que ela usa a palavra “traumitas”.
Boa semana =)
Que compilado legal de ler! Valeu <3
Já queeeero a receita de pudim de chia!
Sempre meus favoritos! <3