#23 - Speak Now (Taylor's Version), Diorama, mingau para preguiçosos
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 3 a 9 de julho de 2023 :)
💿Speak Now (Taylor’s Version): Vou tentar explicar brevemente o lance das regravações de álbuns da Taylor Swift. Ela fez parte durante treze anos de uma gravadora, com a qual fez seus seis primeiros álbuns. Em 2018, ela deixou essa gravadora 1 e partiu pra gravadora 2. Ocorre que Taylor não tinha (não tem) os direitos sobre os masters, ou fonogramas —as músicas gravadas de fato, a faixa que você dá play. Ela ganha uma porcentagem em royalties, mas tudo que foi gravado entre 2005 e 2018 é propriedade desta gravadora 1, que não quis vender os master para ela, mas vendeu para Scooter Braun, um empresário da área musical conhecido por ser um escroto na indústria (foi ele o acusado de empacar também a carreira da Kesha, por exemplo).
Taylor não tem os direitos das músicas gravadas originalmente, mas tem das letras e melodias que ela criou. Então ela decidiu regravar todos os seis primeiros álbuns para se sentir (e lucrar como) dona de suas músicas de fato. A ideia não é fazer arranjos diferentes, mas entregar as mesmas músicas (na medida do possível, porque anos se passaram e a voz dela não é exatamente a mesma), para que os fãs agora ouçam essas versões (por isso Taylor’s Version), não as versões originais que levam a maior parte dos lucros para Scooter Braun.
Enfim, esse é o lado comercial da coisa, mas pra quem é fã tem toda a parte afetiva. Speak Now foi um álbum lançado em 2010, e eu lembro claramente de tudo. Lembro de esperar pelo lançamento, lembro de baixar (ilegalmente, desculpa, Taylor) cada música e ouvir no meu notebook da época, de ver o clipe de Mine na MTV, de cantar loucamente Sparks Fly no meu quarto.
É muito louco como as músicas às vezes vêm acompanhadas de imagens. Todas essas cenas que eu tenho de mim, aos 18/19 anos no meu quarto, na casa dos meus pais, vieram como avalanches, e eu tenho pensado mais em quem eu era naquela época, no que eu queria, no que eu consegui e no que eu não consegui ainda. É uma brisa forte que me bateu e ainda não passou, nem vou me delongar aqui (pra mim todo álbum da Taylor valeria um tratado, é difícil falar pouco!!). Esta menção é só pra abordar o impacto que gostar muito de uma obra causa na gente pra sempre. Tenho sentido um misto de nostalgia, afeto, melancolia e de vontade (necessidade?) de dar uma reavaliada na vida. O post que a própria Taylor fez sobre o álbum me deixou reflexiva também.
Mas chega de falar de mim, pois já estou piegas. Falando do álbum: não acho que Speak Now seja o melhor da Taylor, nem o pior. Está ali num intermediário, com boas faixas pop, boas letras dramáticas, e outras um tanto dramáticas demaaaais, coisa de gente jovem e exagerada como ela. Tem ainda seis músicas inéditas —gostei mas ainda prefiro as antigas. Destaco e indico: Enchanted (segundo Taylor, a mais romântica que ela já escreveu, e é linda mesmo), Sparks Fly, The Story of Us, Mine e Last Kiss (também segundo Taylor, a mais triste que ela já escreveu. Discordo um pouco, mas quem sou eu).
📖Diorama: Digo com tranquilidade que foi o melhor romance, melhor obra de ficção que eu li neste ano, e talvez em um bom tempo. Devorei em três dias. É dessas histórias muito boas, com narrativa que te pega sem esforço (mas sabemos que pra escrever bem assim é preciso um trabalho primoroso). O livro traz uma miscelânea de gêneros/temas (mistério, assassinato, natureza, romance, família) e te faz sentir um pouco de tudo (raiva, medo, curiosidade, afeto, tristeza, esperança).
A história de Diorama, da autora brasileira Carol Bensimon, é narrada por Cecília, uma bióloga que trabalha com taxidermia e dioramas. Dioramas são aquelas cenas de bichos da natureza selvagem recriadas em museus de história natural —o Google tem essa página muito legal sobre os dioramas do American Museum of National History, por exemplo. Cecília mora nos Estados Unidos e trabalha fazendo animais empalhados para dioramas pelo país.
Ao mesmo tempo em que conta sobre sua vida atual, aos 40 anos, longe de Porto Alegre, onde cresceu, ela rememora um fato que mudou sua história e a de sua família: o pai dela foi acusado e julgado pelo assassinato de um amigo dele. O livro intercala capítulos sobre os dias de hoje e os do passado (Cecília tinha 9 anos na época do crime). A sensação é de que ela está construindo um diorama da vida dos personagens em Porto Alegre nos anos 1980, assim como faz com os animais nos museus. Não vou falar mais pra não dar spoiler (é uma história que tem boas reviravoltas). Recomendo demaaaaais essa leitura. Estou escrevendo com os pés, pois com as mãos estou aplaudindo Carol Bensimon.
🎥Achados preciosos dos streamings: Toda vez que alguém fala de férias de julho como se fosse uma instituição comum a todos, eu solto um arzinho pelo nariz, em tom de deboche, pensando ‘que férias?’. Acho que não tenho férias de fato em julho desde 2010. Mas ok, passada a invejinha de quem tem folga neste mês pra acordar tarde e ficar debaixo do edredom neste frio, gosto muito de consumir dicas e conteúdos voltados a gastar tempo livre nas supostas férias de julho.
O podcast Um Milkshake Chamado Wanda, que eu amo e já indiquei aqui, fez nesta semana um episódio especial só com dicas de filmes para ver nas férias. Mas não quaisquer filmes. Os apresentadores Phelipe Cruz, Marina Santa Helena e Samir Duarte e os convidados Aline Diniz e Roberto Sadovski indicaram filmes que são pérolas dos catálogos dos streamings, que podem estar lá às vezes meio escondidos ou esquecidos, mas são obras de arte que entregam entretenimento de qualidade —para diferentes gostos, públicos e momentos.
Eles destacaram, por exemplo, Lady Bird, que eu amo. Relatos Selvagens. Wet Hot American Summer. Mesmo Se Nada Der Certo (um dos meus top 5 filmes preferidos, tenho dificuldade pra escolher um só). Falaram também de outros tantos que eu fiquei com vontade de ver ou já queria ver e nem sabia que estavam em streamings, como Summer of Soul e Ingrid Vai para o Oeste. A lista completa está na descrição do episódio, mas vale muito ouvir pra pegar as opiniões e dicas deles. Pra nunca mais ficar zanzando nos streamings sem saber o que assistir.
👃Lavagem nasal: Eu ia até colocar isso no título da newsletter, mas fiquei com receio de afastar leitores e de ficar bizarro. Mas estou realmente muito entusiasta de lavagem nasal e gostaria de espalhar a palavra sobre esta prática.
Se você é uma pessoa com rinite, sinusite, bronquite, primeiramente sinto muito. É uma merda sem fim. Segundamente, tem sido um horror para nós que estamos no Sudeste este inverno com tempo muito seco. Tenho sentido meu nariz mais em pandarecos do que o usual. Tenho rinite desde sempre, sou acostumada a nunca respirar 100% (o que já é péssimo), mas ficou bem ruim nas últimas semanas. O que me levou a apelar para lavagem nasal.
Lavagem nasal consiste em usar um artefato especialmente feito pra isso, como uma garrafinha ou uma lota nasal, colocar soro fisiológico ou água misturada com cloreto de sódio (vendido em embalagens para este fim) e, com este líquido, lavar todo o canal nasal por dentro. É tipo uma limpeza pesada, aquela faxina para tirar todas as impurezas.
É agradável sentir a água entrando pelos túneis internos do seu rosto? Não, mas há coisas mais desagradáveis que a gente passa na vida, eu acho. Realmente dá uma sensação de limpeza e desentupimento, não exatamente na hora mas logo depois. Já notei diferença em relação aos dias em que não fiz lavagem nasal. Indico esta reportagem para quem quiser saber mais e desejo força a todos nós, guerreiros com sistemas respiratórios sofridos.
🥣Mingau para preguiçosos: Quando eu era criança, meu pai sabia fazer um total de três coisas na cozinha: Ovo frito (até hoje ele tem o dom de fazer os melhores ovos fritos, não sei explicar), uma mistura de bolachas com leite (que minha mãe chamava de meleca) e mingau. Às vezes, à noite, meu pai ia pra cozinha e voltava com um pratão de mingau. Eu adorava.
Cresci com essa memória afetiva e a cultura do mingau como uma comida que funciona como um agrado. Acho que combina muito com tempo frio, então basta a temperatura cair um pouco pra eu pensar “hmm, um mingauzinho iria bem”.
Ocorre que mingau é um negócio que suja a panela de um jeito muito chato. Veja bem, eu não tenho problemas com lavar louças —na verdade, de todos os serviços de casa, eu acho o menos pior. Ouso dizer que até gosto, ajuda muito a desopilar a cabeça, é uma atividade mecânica que não me incomoda. Contudo!! há louças muito chatas de se lavar. Uma panela com leite grudado nos cantos, às vezes queimado, é muito irritante, dá trabalho, suja a pia, a esponja, enfim.
Então eu fui pegando receitas pela internet e desenvolvi um mingau para preguiçosos, pois fica pronto em menos de 5 minutos e utiliza uma louça só. É uma porção pequena, que gosto de consumir depois do jantar, só pra ter um mimo docinho para mim mesma na cama, como quando era criança. Seguem os ingredientes:
duas colheres de sopa de aveia (prefiro usar farelo de aveia, mas serve em flocos também)
150 ml de leite
Mel para adoçar, cerca de uma colher de chá (ou açúcar, ou melado, ou adoçante. Quantidade e tipo vai de acordo com seu gosto)
Modo de fazer: misturar leite e aveia em uma tigela grande que possa ir ao microondas. Digo grande/alta porque o leite quando ferve é traiçoeiro, ele sobe rápido e pode derramar tudo. Colocar esta mistura no microondas por 3:30 minutos, aproximadamente. Tem que ficar observando: aqui, a partir de 2:30 minutos já começa a borbulhar. A ideia é ir mexendo ao ver que está fervendo e voltar pro microondas, isso até o mingau ficar numa consistência cremosa. No meu microondas este tempo é de 3:30 minutos, mas pode variar de acordo com cada aparelho. Depois, é só colocar mel ou o equivalente escolhido, misturar, deixar esfriar um pouquinho e comer. Eu amo.
Esta edição já está gigaaaante, então vou só deixar aqui a arte aleatória da semana. Escolhi a Irena Freitas, ilustradora que já acompanho há muuuitos anos, desde que a época dos blogs ali na virada dos anos 2000 pra 2010. Dias atrás vi várias amigas minhas compartilhando essa ilustração dela com trecho da música Mirrorball, da Taylor. Sinto que poucos versos me descrevem melhor do que "I’ve never been a natural, all I do is try, try, try”.
Boa semana =)
Amei e já tô namorando o Diorama.
Nota: já tentou acrescentar no mingau uma colherinha de cacau? Fica perfeito!
Gostei da dica do livro, já adicionei na lista