#29 - Histórias de calote, mundinho Nora Ephron, o melhor bolo de côco gelado
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 14 a 20 de agosto de 2023 :)
Histórias de calote: eu sou ouvinte ocasional do podcast É Nóia Minha (aquele que indiretamente [ou direta?] provocou a demissão da jornalista Cecília Flesh da GloboNews, enfim). Ouço dependendo do tema ou dos convidados —gostei bastante do episódio da semana passada com o Chico Barney, aliás.
Mas eu ouço sempre o spinoff do É Nóia Minha, que é o Rapidinhas. Toda segunda-feira, a Camila Fremder (a apresentadora) publica um episódio de cerca de dez minutos com histórias enviadas pelos ouvintes, sempre com algum tema: calote, vingança ou roleta do unfollow (para quem não vive no site Twitter, isso corresponde a algo que a pessoa odeia e que seria considerado um absurdo, tipo uma pessoa que mandou áudio dizendo que odeia festa junina).
Os episódios com histórias de calote têm um lugar cativo no meu coração, porque em geral ou são casos de pessoas que fizeram terríveis papéis de trouxa nas mãos de malandros profissionais ou gente que foi alvo de caloteiro mas deu a volta por cima com alguma rasteira. No ep desta semana, tem também a história de uma pessoa que deu o calote ela mesma. Enfim, eu amo toda a temática calote/golpe, desde que não seja comigo, é claro. Mesma sensação de ver pênalti do time dos outros. Rio muito, e eu que lute para acertar minhas contas no juízo final quando a hora chegar.
Bolo de côco gelado perfeito: no domingo passado eu postei stories do meu bolo de côco gelado e algumas pessoas vieram me pedir a receita. Então eu vim aqui falar sobre isso.
A base da receita que eu uso é a da Rita Lobo, e eu a acho maravilhosa porque o bolo não leva qualquer fonte de gordura (manteiga ou óleo, por exemplo) e ainda assim fica delicioso, fofinho, aerado, tudo. Mas ainda assim eu dou meus truques.
Acho que o mais importante, e talvez seja meio óbvio mas é bom ressaltar, é usar ingredientes de boa qualidade e seguir exatamente a medida dos ingredientes. Doce é um negócio traiçoeiro, se você colocar um pouquinho a mais de farinha ou de leite, por exemplo, pode desandar tudo. Então é essencial seguir à risca as medidas e ficar de olho nos rótulos dos produtos. Por exemplo, quando for comprar leite de côco, dá uma olhada se a marca que você escolher não tem um monte de aditivos, coisas como “aroma natural de côco”. O ideal é pegar sempre os produtos mais “puros” e naturais, com menos componentes químicos e artificiais. Isso dá uma diferença brutal.
Aí depois não tem muito segredo, é só seguir o modo de preparo da receita certinho. Um truque bom é fazer muuitos furinhos no bolo, para que a calda que você vai jogar penetre melhor. Dá um trabalho desgraçado, e eu definitivamente não recomendo pra quem tem tripofobia, mas é babado.
E por último também recomendo cobrir a assadeira com alumínio ou papel filme enquanto o bolo tá gelando, assim há menos risco de ele ficar seco (apesar de que a receita já é feita pra ele ficar bem úmido, mas enfim, uma precaução extra).
É uma receita que demanda um certo esforço, além de tempo e planejamento, mas é a melhor do mundo. E tem a grande vantagem de congelar/descongelar perfeitamente. Meus amigos e familiares acabaram com o bolo inteiro rapidinho e elogiaram muito, o que pra mim não tem preço <3
Cafés pelo mundo: Essa semana eu também postei no Instagram (me segue!) um post de um perfil que eu sigo e adoro e também recebi mensagens de gente que gostou, então o trouxe para cá. Trata-se do Cafes Globally. É basicamente um perfil que publica fotos de cafés bonitos pelo mundo. É o meu sonho ter dinheiro pra viajar pelo mundo e fazer guia de cafés, mas enquanto isso não é possível eu vou consumindo este conteúdo.
De forma geral eles têm aquela estética mais hipsterzinha/minimalista/tons neutros, mas eu amo. Nos últimos tempos o perfil tem postado muitos cafés pela Ásia, tipo Coreia do Sul, Japão, Tailândia. Nunca fui a pessoa com a pira oriental, mas juro que vendo esse perfil me dá cada dia mais vontade de ir pro Japão. Quando for, quero muito visitar o café Little Nap (ou sonequinha, em tradução livre), cujo nome me gerou identificação a nível espiritual.
Mundinho Nora Ephron: Na semana passada postei aqui sobre Only Murders in the Building e citei uma crônica da Nora Ephron sobre o apartamento em que ela morou, num prédio bem parecido com o da série. A Mari Bragança, minha amiga de clube do livro e autora da newsletter tasqueando, comentou sobre isso num texto dela e também postou foto de livros da Nora que ela encontrou numa livraria, e aí trocamos um pouco sobre isso. Também nesta semana eu vi um reels sobre “se vestir como protagonistas dos filmes da Nora Ephron” (eu perdi esse reels no buraco sem fundo da internet, se alguém achar por favor me manda!), e aí achei uma coincidência legal todas essas referências sobre ela virem à tona ao mesmo tempo. Como essa semana me atropelou completamente, me deixou ainda mais esgotada (não achei que fosse possível, porém é) e sem forças para consumir muitos produtos culturais, decidi falar um pouquinho sobre ela aqui.
Nora Ephron é uma das minhas escritoras preferidas de todos os tempos, eu amo num nível que não consigo mensurar. Sou muito fã. Vou começar este “tratado” sobre ela pelas obras de não-ficção.
Nora foi jornalista nos anos 1960/70, escreveu artigos para revistas norte-americanas, começou a carreira assim. Logo ela despontou como cronista e foi escrevendo sobre a vida, temas como relacionamentos, família, vida cotidiana, observações culturais e comida. Eu amo como ela era muito interessada por gastronomia e escreveu sobre receitas de um jeito leve, interessante e divertido. Também gosto muito das abordagens dela sobre análise de sua própria trajetória. Há textos muito bons sobre envelhecimento, e mais de uma vez ela cita uma lição que aprendeu da mãe e levou pra vida. O que ela diz é que nem sempre você pode escolher o que acontece na sua história. Mas a história é sua. Você pode pegar o que aconteceu e escolher como contar essa história, como lidar e usar isso a seu favor.
Daí já dá um gancho para o meu livro preferido da Nora Ephron, que é O Amor É Fogo. É facilmente um dos meus dez livros favoritos da vida. O Amor É Fogo é meio que uma autoficção; Nora escreveu personagens fictícios e fez algumas mudancinhas pra contar algo que aconteceu de fato com ela. Basicamente, Nora descobriu que o então marido dela estava lhe traindo num caso sério havia um tempão. Detalhes que melhoram a fofoca: Nora estava grávida de seu segundo filho com esse cara. O cara vem a ser Carl Bernstein, um dos dois protagonistas de Todos os Homens do Presidente (filme inspirado numa história real; muito bom, era obrigatório quando eu fiz Jornalismo).
O Amor É Fogo tem um quê daquela premissa tipo “a personagem principal terminou um relacionamento e deu uma surtada”, que eu adoro. E tem a questão da comida muito forte, a protagonista fala muito de culinária, dá receitas. A prosa e a linguagem são deliciosas, juro. Já li umas três vezes e tô pensando em ler de novo, é curtinho e maravilhoso. Além deste, livros de crônicas de Nora Ephron que recomendo: Meu Pescoço É um Horror e Não Me Lembro de Nada.
Após o sucesso de O Amor É Fogo (que virou filme), Nora enveredou pelos roteiros de cinema. Ela escreveu comédias românticas clássicas e maravilhosas como Harry e Sally, Sintonia de Amor e Mensagem pra Você. Ela também escreveu alguns fracassos e tem uma crônica muito boa sobre isso, mas vou focar nos sucessos. Estes três filmes imprimem uma atmosfera de aconchego que eu não sei explicar. Os cenários são belíssimos e dão uma sensação de casa, de “que lugar gostoso”, de conforto. As personagens são meio surtadas à seu modo, “mulheres reais” (apesar de serem a Meg Ryan, absolutamente lindíssima). Os diálogos e as situações das tramas são muito bons, os personagens homens são muito bem escritos (não chego ao ponto de achar o Billy Crystal pegável, mas o Tom Hanks em Mensagem pra Você, puta que pariu).
Mensagem pra Você é um filme que me pega tanto em tantos níveis que eu já pensei várias vezes em comprar este pôster dele, colocá-lo na sala da minha casa e me tornar ainda mais uma caricatura de mim mesma (se alguém quiser me presentear com ele, meu aniversário é em dezembro e aceito este também). Mas enfim, eu poderia falar ainda muito mais sobre Nora Ephron, quem quiser continuar essa conversa pode me mandar mensagem ou comentário!! Ela faleceu em 2012, de leucemia, mas vive eternamente no meu coração, na minha cabeça e na minha memória afetiva.
Ainda no setor pôsteres, a arte aleatória da semana na verdade já é algo que vem rondando minha cabeça há várias semanas. De vez em quando eu gosto de dar um passeio virtual pela Etsy, e aí por acaso achei essa loja, da artista Stephie Cardona, de Berlim. Fiquei obcecada e queria simplesmente TODAS as artes dela. Estou muito longe de ter uma carteira cheia pra comprar tudo, mas ainda penso muito neste aqui abaixo e também neste pôster de tomates (coisas aleatórias que eu vejo e penso “muito eu”).
Boa semana =)
Que delícia de semana! Já quero fazer o bolo e fofocar mais sobre a Nora! <3
Oie! Que delícia de favoritos! Já quero fazer esse bolo de côco e ler Nora Ephron 😁