#38 - Tuca & Bertie, álbum novo do Blink 182, a salada mais fácil do mundo
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 16 a 22 de outubro de 2023 :)
Tuca & Bertie: Eu tenho uma falha na minha matriz que é: eu tinha tudo pra gostar da série Broad City, que é sobre duas amigas da minha geração vivendo em Nova York, mas eu não gosto. Eu tenho muitos signos de terra no meu papa astral, o que me faz torcer o nariz pra coisas que me parecem inverossímeis (ainda que fictícias). As atitudes das personagens de Broad City me pareciam muito sem noção, muito ‘não é possível’, muito ‘she’s so crazy’, então não consegui. Mas, ainda assim, tudo que eu vejo que tem uma vibezinha Broad City eu vou atrás, eu dou uma chance.
E foi assim que nesta semana eu comecei a assistir à série Tuca & Bertie. Vi a dica na newsletter Maratonar (que já indiquei aqui e sigo indicando, muito boa). Tuca & Bertie é uma série de animação que tem a mesma equipe criativa de Bojack Horseman e acompanha as vidas de duas amigas numa cidade grande, a Tuca e a Bertie.
Elas lidam com temas do cotidiano de mulheres adultas sem filhos, como dilemas no trabalho, crises de ansiedade, traumas, questões com namorado/dates/amigas. Parece pesado mas na maioria das vezes não é, é bem uma comédia da vida comum, divertida, com roteiro ótimo, piadas inteligentes, sacadas rápidas. Eu amei.
Fazia muito tempo que eu não assistia animação, e essa é bem engraçadinha. A maioria dos personagens são pássaros - Tuca é um tucano e Bertie é um tordo - , mas de vez em quando aparecem seres diferentes. Elas têm uma vizinha que é uma planta, por exemplo. Até tem uma ou outra coisa mais nonsense/comédia do absurdo na série, mas se partirmos do princípio de que os personagens são pássaros falantes, o realismo já foi pro espaço. Tô adorando assistir a Tuca & Bertie, virou minha série de quase todo dia. A primeira temporada tá na Netflix, a segunda e a terceira estão na HBO Max.
Água Fresca para as Flores: Nos últimos dias li Água Fresca para as Flores como parte do meu clube do livro. Tenho certo preconceito com livros grandes. Primeiro que eu gosto de acabar um livro logo e ir pro próximo, sempre querendo produtivizar o hobby e consumir o máximo possível, como uma perfeita vítima do capitalismo. Segundo que eu tendo a achar que livro grande demais é porque não foi editado suficiente. Eu trabalho como editora e acho que sempre dá pra cortar o que não é essencial. Se passou de 300-350 páginas, não cortou o suficiente. Há exceções, mas geralmente eu acho que estou certa kkk.
Dito isso, Água Fresca para as Flores é quase uma exceção. Eu ainda teria cortado umas boas páginas, mas mesmo assim achei um livro bem bom. Me entreteve muito, é uma história que flui muito bem desde a primeira página, que tem plot twists, mantém o leitor preso. Quando você acha que já sacou tudo, ele vem e puxa seu tapete, mostra outra perspectiva.
Água Fresca segue a protagonista Violette, uma mulher em seus 50 anos que teve uma vida muito difícil e no momento presente trabalha como zeladora de um cemitério no interior da França. O livro não é mórbido nem piegas na questão da morte, mas tem passagens bem tristes e fala bastante de morte, então não indico se for um gatilho pra você.
Porém de forma geral gostei muito de como a trama nos apresenta histórias de amor. Há várias que se desenrolam ao mesmo tempo, diferentes tipos de amores, que mostram como o amor nos traz à vida (muitas vezes de volta à vida) o tempo todo. E há personagens adoráveis, todos muito bem construídos. Não é um livro que eu leria à primeira vista, mas gostei muito de ter lido. Devorei quase 500 páginas em 5 dias.
Álbum novo do Blink 182: Aqui eu acho que vou fazer uma grande elofensa ao Blink 182, porque eu vou citar várias críticas aqui e ali pra no final dizer “mas eu gostei”. Mas vamos lá: o Blink 182 lançou um álbum novo, chamado One More Time, e eu até que gostei.
A sensação é de estar perdida no tempo ouvindo um álbum novo do Blink em 2023. Eles não faziam músicas inéditas juntos sei lá desde quando (antes dessa reunião que vem desde o ano passado, se não me engano). E pra mim, acho que pra muita gente 30+, Blink ficou muito marcado como um produto do início dos anos 2000. Esse tipo de rock, esse estilo, essa identidade visual. É muito louco, dou play e me sinto numa viagem direto para o Disk MTV em 2003/2004 (quando eu torcia pra aparecer I Miss You e Feeling This, amava).
Ao mesmo tempo, é muito estranho, porque as músicas são exatamente nos mesmos moldes do que eles faziam naquela época, mas 20 anos se passaram. Naquela época, poucas coisas eram mais cool do que ouvir Blink 182 (pelo menos eu achava), e hoje há um milhão de coisas mais cool. Me parece que o que eles fizeram é um misto entre manter as “raízes”, ser fiel ao estilo, e não evoluir nada, nem uma gotinha, fazer exatamente as mesmas músicas e as mesmas piadinhas de 20 anos atrás usando o cérebro o mínimo possível (as letras são bem fraquinhas, mas justiça seja feita eles nunca tiveram a composição como cartão de visita, não estou cobrando).
Enfim, em meio a estes sentimentos conflitantes, admito que fiquei surpresa por eles terem entregado um álbum com 17 músicas!! Entre elas, minhas preferidas são Dance With Me, Fell In Love e Blink Wave. São gostosinhas, dá vontade de dançar junto, cantar junto. Dá pra imaginá-las facilmente e perfeitamente entrando na trilha sonora de uma rom-com.
O gosto principal que fica com este álbum é de nostalgia millennial, com um retrogosto meio amargo de velho roqueiro chato e ultrapassado. Mas vamos focar só no gostinho bom. Se eles vierem mesmo pro Lollapalooza 2024 (tenho sérias dúvidas, o Travis adora meter um atestado), estarei lá no que será um grande baile da saudade orquestrado pelo Blink 182.
Hipster starter pack: Falando em ficar velho, nesta semana eu li um texto e dei boas risadas. A Vice publicou uma reportagem sobre o que é ser hipster em 2023. É engraçado perceber que o que ficou conhecido como hipster na época em que eu era jovem (tipo camisa xadrez, óculos de aro grosso, avocado toast, ser especialista em café/cerveja artesanal) já não faz mais parte do hipster starter pack. A reportagem apresenta uma longa lista sobre o que os jovens modernos curtem hoje, e fiquei entretida acompanhando tudo, como uma senhorinha que estou em vias de ser.
O texto é americano, então muitas referências acho que são mais de lá, mas algumas já dá pra ver bem por aqui. Tipo os jovens investindo pesado na estética Y2K, cuja tradução é anos 2000. Muita calça baggy, cintura baixa (deus me livre e guarde), camisetas baby look, nike shox, piercing de dente!! Tendências que acompanho de longe com a tranquilidade de quem já usou/já viveu isso e não pretende chegar perto.
Outras tendências eu não sabia que eram exatamente tendências, tipo: se vestir tipo Tony Soprano, com umas camisas meio estilo pai, meio mau gosto. Amei (ironicamente). Cabelo com mullet. Não faria, mas nada contra. Assinatura do Mubi. Faz sentido, inclusive queria. Enfim, a título de curiosidade e diversão, a lista é essa.
Salada de ovo: Fiquei na dúvida se eu devia trazer ou não esta receita para a newsletter, porque é ridiculamente fácil. Mas é tão ridiculamente boa que vou compartilhar. Salada de ovo é até uma ofensa à ideia que a maioria de nós faz de salada, porque não tem nada verde, nada muito nutritivo, não tem variedade de ingredientes. Tem só ovo, maionese e temperos. Mas é tudo.
A minha salada de ovo é a mais básica possível. Para uma porção (farta) individual, eu uso:
3 ovos
2-3 colheres cheias de maionese (Não meço com exatidão, vejo de olho e de textura mesmo. Quando está suficientemente cremoso e homogêneo, eu paro de tacar maionese)
Sal e pimenta do reino à gosto
Modo de preparo: cozinhe os três ovos por 7 ou 8 minutos. 7 ainda deixa a gema levemente molinha, 8 já deixa mais firme, mas não extremamente cozido. Vai da sua preferência, pode deixar mais tempo também. Quando estiverem cozidos, tire da panela e transfira pra um recipiente com água gelada, pra parar o cozimento. Em seguida, tire as cascas e corte os ovos - primeiro ao meio, no sentido do comprimento, depois cada metade em duas bandas, depois cada banda em quatro pedacinhos. Em outro recipiente, misture os ovos com a maionese e acerte o sal. Tá pronto.
Isso com pão na chapa ou pão de forma/brioche bem fofinho fica um absurdo. Um desbunde. Tenho muito orgulho da minha salada de ovo, apesar de não ter absolutamente nada demais.
Na arte aleatória da semana, deixo aqui o trabalho da Jessica Carvalho, brasileira que faz pinturas lindíssimas. Este quadro é apenas uma entre tantas delas.
Boa semana =)