#43 - Bottoms, Chegadas e Partidas, a terapia da miçanga
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 27 de novembro a 3 de dezembro de 2023 :)
🎥Bottoms: Finalmente chegou ao Brasil o filme Bottoms (traduzido como Clube da Luta para Meninas, uma tradução que achei bem boa). Bottoms estreou no Prime Video no último dia 21, e eu fui correndo ver para conferir qual era a desse hype todo.
O filme se passa numa High School americana clássica, e as protagonistas são duas “losers” do lugar. PJ (Rachel Sennott) e Josie (Ayo Edebiri) são melhores amigas, são lésbicas e não pegam ninguém. Mas querem mudar essa última parte. Alguns acontecimentos na escola, relacionados a violência contra mulher, fazem com que PJ tenha a ideia de criar um clubinho para meninas cujo objetivo é elas aprenderem defesa pessoal. Como? Batendo umas nas outras. Na cabeça de PJ, essa energia física liberada seria suficiente para criar uma conexão e despertar o tesão entre as meninas, e aí ela conseguiria pegar quem quisesse ali (PJ é a amiga “doidinha”, como podemos perceber).
Obviamente em algum momento isso dá ruim, e há algumas reviravoltas. O que eu achei é que é um filme bem divertido. Tem um tom de crítica social, principalmente relacionada a machismo e misoginia, mas o filme não tá lá pra educar/ensinar/esclarecer ninguém (como Barbie faz, por exemplo). Ele leva esse discurso de forma bem intrínseca ao que acontece na trama; é pra quem já sabe, já pega as nuances, já entendeu o mínimo.
Mas enfim, voltando ao fator divertido. O roteiro é muito bom, tem piadas muito boas mesmo. Ri alto várias vezes. A Rachel Sennott, que interpreta PJ, também escreveu o filme, dá pra ver que tem muito da veia dela de comédia —ela é conhecida por Shiva Baby, que também é muito bom.
Bottoms também me lembrou um pouco Heathers, um filme de high school dos anos 1980 protagonizado pela Winona Ryder. Ambos têm uma sensação meio nonsense e caótica no final. Eu gosto. De forma geral, não achei um filme pra pensar muito, mas é uma obra que retrata com bom humor uma geração e uma situação com algum nível de absurdo. Ótimo entretenimento.
📺Chegadas e Partidas: Sou fã do Chegadas e Partidas desde a primeira temporada (em 2011) e fiquei muito feliz que o programa voltou. Chegadas e Partidas é uma atração em que a Astrid Fontenelle vai para o aeroporto de Guarulhos e fica caçando histórias das pessoas que estão lá, se despedindo de alguém que vai partir ou esperando alguém que vai chegar. É uma premissa muito simples, mas é infalível.
Toda vez que eu sento pra assistir este programa, eu sei que eu vou chorar. A grande maioria das histórias é muito emocionante, é muito bonita. Ou eu sou uma manteiga e me derreto por tudo, tem isso também. Mas tem uma pureza no amor ali, tão transparente e exposto, em diversas configurações.
Esta é a primeira temporada do Chegadas e Partidas depois da pandemia, então também tem este componente de emoção adicionada, de reencontros. Outra novidade é que agora Astrid vai também caçar histórias das pessoas na rodoviária do Tietê, a maior do Brasil, o que acho muito legal e enriquecedor.
Comecei a assistir ao primeiro episódio e já estava chorando na primeira história. Na segunda, eu já estava naquele choro feio, aquele que a gente faz careta, que fica com o rosto vermelho, o olho inchado. Mas é muito bom. Dá aquela sensação de alívio no peito, de alma lavada. Há choros de tristeza e de felicidade, mas eu sou muito defensora de que chorar é bom. Neste caso, como telespectadora, é só uma reação emocionada que logo passa, mas na vida é bem útil também. Chorar não necessariamente resolve as coisas, mas nos ajuda a organizar as emoções e soltar um pouco do peso que a gente carrega.
Outra coisa legal do Chegadas e Partidas é a trilha sonora. É MUITO BOA mesmo! Tem até uma playlist oficial das músicas que apareceram na trilha sonora do programa. É uma curadoria de primeiríssima categoria. Chegadas e Partidas tem episódios novos todo domingo no Fantástico (versão mais curta) e toda quinta, às 23h, no GNT (versão na íntegra).
📺Angélica - 50 & Tanto: Gosto muito da Angélica como apresentadora, acho realmente uma das melhores que temos. Ela faz parecer simples conduzir uma boa conversa, ter carisma, não passar do tom, ser muito profissional. Não é. Agora ela completou 50 anos e estreou um novo programa, chamado Angélica - 50 & Tanto.
A princípio eu achei que seria algo tipo o documentário da Xuxa, que contaria a trajetória de vida dela, com depoimentos e tal. Não é isso. 50 & Tanto é uma série com cinco episódios, criada pela Angélica em parceria com o Chico Felitti (adorei a combinação inusitada). Em cada episódio, a apresentadora recebe mulheres famosas em sua casa para conversarem sobre temas específicos. Com Maísa, Fernanda Souza e Sandy, a conversa é sobre trabalho (as quatro começaram no meio artístico na infância). Com Anitta, Marina Ruy Barbosa e Paolla Oliveira, o papo é sobre fama. Com Ivete Sangalo, Paula Lavigne, Giovanna Ewbank e Carolina Dieckmann, o tema é ser mulher.
Não tem nada de muito inovador no formato (poderia ser um podcast ou um talk show ou um programa feminino nos anos 1990), mas as conversas são boas, são interessantes, o roteiro é bom. Rolaram até umas polêmicas aí, como a Paula Lavigne falando do começo de seu relacionamento com o Caetano Veloso (ela tinha 13 anos e ele 40), a Anitta dando em cima do filho da Angélica, etc. Tem isso, mas acho que vale mesmo pelas boas conversas femininas. E eu com certeza assistiria um programa em que fosse só Xuxa, Angélica e Eliana falando besteira por meia hora. Arte.
Todos os episódios estão disponíveis no Globoplay.
🎵You’re Losing Me - Taylor Swift: Eu prometo que vou tentar não falar muito mais de Taylor Swift nesta newsletter. Sei que quem não é fã já está de saco cheio dela, e até eu, que sou fã mergulhei tanto em tudo relacionado a ela, acho saudável falar de outras coisas também. Mas ela não deixa kkk. Esta semana rolou o Spotify Wrapped (um gos grandes momentos do ano) e, pra comemorar o fato de ter sido a artista com mais streams no mundo neste ano, Taylor enfim soltou no Spotify uma música “exclusiva”.
O que acontece: essa mulher é doida e mercenária, ela ama soltar uma coisinha aqui, outra ali, pra deixar fã maluco e fazer a gente gastar dinheiro. Em determinado ponto do ano, não mr lembro quando, ela soltou uma versão em CD (CD!!) do álbum Midnights que tinha a música extra You’re Losing Me. Essa música não havia entrado em plataformas digitais —não oficialmente, porque obviamente todo fã ouviu clandestinamente de alguma forma. Mas agora enfim chegou ao Spotify.
You’re Losing Me é uma música muito boa. É um hino de término. É sobre aquele momento que você já sacou que esse relacionamento não tem futuro, a pessoa tá deixando muito a desejar, você tá exausta, desgastada, triste mesmo e só queria que a pessoa reagisse, fizesse alguma coisa por você, por vocês. E é claro que o(a) abençoado(a)(e) não faz nada.
A ponte dessa música eu acho que é uma das melhores da obra da Taylor, de verdade. A canetada dela nestes versos bate forte demais. Eu não ouvia muito porque dava trabalho recorrer a meios não ortodoxos, mas agora que tá fácil no Spotify estou ouvindo direto. How long could we be a sad song?
📿Miçanga terapêutica: Não vou falar de Taylor de novo, vou só passar por cima. Comecei a fazer os friendship bracelets, ou pulseirinhas da amizade, para ir ao show dela —virou tendência entre os fãs, e todo mundo faz, e virou uma bela demonstração de girlhood, de pertencimento a uma comunidade, de safe space, de reconhecimento e identidade. Acho lindo real, mas não é sobre isso que vou falar. É sobre a paz que encontrei fazendo pulseirinha de miçanga.
No início, eu achei que seria meio difícil e que eu seria muito ruim nisso, já que não tenho talento visual e manual para artesanatos em geral. Mas me surpreendi. Achei bem fácil e achei minhas criações bonitinhas!!! Além disso, o ato de estar diante de uma mesa cheia de miçanças, metros de fio de nylon e algum tempo livre pra dedicar a isso é de certa forma uma grande higiene mental.
Conversando com amigas, percebemos que todas nós tivemos essa experiência de tranquilidade ao colocar uma música, um podcast ou uma série na TV e fazer as pulseirinhas enquanto escutamos/assistimos algo. É como fechar a porta para pensamentos intrusivos e desnecessários e outras chatices do dia a dia e se dedicar a algo mais simples. Não que você deixe de pensar nas coisas ou que todos os problemas sumam, mas é um momento de paz em meio ao caos. Estou falando especificamente sobre fazer pulseiras, mas é claro que dá pra transferir para outras atividades manuais, mecânicas e não relacionadas a telas. Exemplo: costurar, cozinhar, tocar um instrumento, fazer cerâmica, sei lá. Basicamente a dica é: tenha um hobbie, saia da internet um pouco, seja mais feliz.
Na arte aleatória da semana, destaco o trabalho da Erin, uma ilustradora de 23 anos do Reino Unido. As obras dela, aparentemente feitas com lápis de cor, passam uma sensação de infância (e de girlhood!) muito gostosa. Uma sensação aconchegante. Não sei explicar muito bem, mas acho que dá pra sentir.
Boa semana =)
Eu assistia Chegadas e Partidas com a minha mae. Chorava muito porque já tinha planos de me mudar e sabia que lidar com a distancia nao ia ser fácil (nao foi mesmo, continua nao sendo, nunca vai ser). Hoje, sempre que vejo algo relacionado ao programa, lembro da minha mae e que pior que a distancia física só mesmo a distancia de um estar aqui embaixo e outro lá em cima. Mas é lindo! Tenho que procurar no YouTube pra ver se ainda tá tendo novas temporadas e ver os episódios de 2023.