#50 - Vidas Passadas, Renascer, pastinhas de avocado
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 22 a 28 de janeiro de 2024 :)
🎥Vidas Passadas: Estava louca pra assistir esse filme desde que começou o burburinho sobre ele no ano passado. Nesta semana, estreou no Brasil, logo após ter sido indicado à categoria de melhor filme no Oscar. Corri pra assistir e: é tudo isso mesmo.
Vidas Passadas entra num viés de história que não tem nada muito bombástico, catastrófico ou sobrenatural. São apenas pessoas lidando com suas vidas, suas escolhas e as consequências delas. “Apenas”, porque isso já é coisa pra caramba. Mas é meu tipo de filme preferido.
A trama gira em torno de Nora (Greta Lee), uma mulher que se mudou com a família para o Canadá aos 12 anos, depois foi morar sozinha em Nova York aos 24. A família dela é de Seul, na Coréia do Sul, e antes de partir ela estava tendo um namorinho de criança com um menino da escola, Hae Sung (Teo Yoo). Os dois sofrem muito com essa separação brusca, mas na época eram muito novos, as coisas não foram muito elaboradas, enfim.
Eles se reencontram na internet aos 24 anos, começam a se falar, mas ainda não se veem fisicamente. O encontro presencial acontece quando os dois estão com 36, cada um vivendo sua vida em países diferentes. Aí o filme joga muito com o conceito de “E se”. O que teria acontecido se ela tivesse ficado/voltado pra Seul, o que teria acontecido se ele tivesse ido pra Nova York, como seriam as vidas dos dois se isso ou aquilo tivesse ou não tivesse acontecido.
Não quero dar spoiler nem analisar muito (para saber mais, leiam o texto que minha amiga Lidy escreveu sobre), mas gostei muito da forma com que o filme trata os muitos sentimentos que existem nessa situação e não hierarquiza o que é mais ou menos importante, o que é certo ou errado. Não tem resposta fácil nem certeira, e todos os personagens têm sentimentos e posicionamentos válidos (inclusive um homem branco que faz parte da história). É um filme muito sensível e delicado que vai fundo nas emoções de qualquer ser humano que as tenha (imagino que vá ainda mais fundo pra quem é migrante ou imigrante). Gostei bastante, apesar de a cena final ter me destruído. Indicação ao Oscar merecidíssima.
📺Renascer: Outra estreia muito aguardada desta semana foi a da novela Renascer, remake da obra de Benedito Ruy Barbosa que foi ao ar em sua primeira versão em 1993. Eu trabalho com novelas, cubro um pouco ou muito de todas as da Globo, mas não são todas que eu acompanho de livre e espontânea vontade. Renascer fez renascer em mim (que trocadilho péssimo) a vontade de ligar a TV todo dia depois do Jornal Nacional pra apreciar um show da teledramaturgia brasileira.
Toda a equipe colocou no ar um trabalho primoroso, em que tudo tem funcionado muito bem: atuações impecáveis e intensas, toda a parte visual, de direção de arte, absurdamente incrível e primorosa, um texto muito bom, história forte, revoltante e instigante ao mesmo tempo. As cenas dessa primeira fase da novela têm sido de altíssimo nível mesmo. Não que as outras novelas deixem a desejar (às vezes deixam), porque eu sou grande defensora da teledramaturgia brasileira. Mas Renascer está acima da média, ao menos nestes primeiros capítulos.
O protagonista da trama é José Inocêncio (Humberto Carrão, o atual homem mais gostoso do Brasil), um forasteiro que chega à região de Ilhéus, na Bahia, e se destaca como produtor de cacau numa fazenda. Ele ganha lá seus inimigos e também um grande amor: Maria Santa (Duda Santos). A partir daí se desenrola uma história de romance, disputas, que vai se desdobrar em outras linhas a partir da segunda fase, quando os filhos do casalzinho estiverem crescidos.
Renascer é um remake, e quase nada deve mudar em relação à edição original, então já dá pra saber que vem muita coisa boa (e algumas polêmicas) por aí. Ao mesmo tempo, eu não vi a novela, era muito pequena, e mais de uma geração agora vai poder assistir a essas histórias que não conhecemos ou conhecemos muito pouco. Tô empolgada pra acompanhar e torcendo pra novela se tornar um sucesso no Brasil.
📖Mulheres Confiantes: Vou elogiar este livro, mas antes vou fazer uma crítica. Eu acho que o título é equivocado. Sei que o título em inglês é Confident Women e entendo que eles só traduziram ao pé da letra, mas a melhor tradução claramente seria Mulheres Trambiqueiras. Trambique é a palavra que define perfeitamente o que todas as trapaceiras, pilantras, oportunistas e malandras do livro fizeram. Não é sobre ter confiança numa pegada de autoajuda, é sobre histórias de golpistas.
Eu gosto muito deste formato de livro com perfis biográficos de mulheres interessantes - eu mesma escrevi um livro nessa pegada, leiam!! Achei Mulheres Confiantes por um preço ótimo na festa do livro da USP do ano passado e agora finalmente peguei pra ler.
A experiência de leitura tem sido muito boa. As histórias são muito envolventes, e as personagens são muito cativantes. Você nunca sabe o que vão aprontar na próxima página, quais serão os próximos crimes. Mulheres Confiantes reúne histórias de golpistas de diversas categorias —gatinhas que tiravam dinheiro dos outros fingindo ser médiuns, fingindo vender artigos de luxo, fingindo ser Anastásia, enfim. Muitas ideias de golpe são apresentadas, e é muito divertido.
Eu não sei explicar exatamente qual é o fascínio do ser humano por histórias de trambique, mas confesso que gosto muito. A gente vê o velho caso de um malandro e um otário saindo de casa todo dia, e nunca falha, e sempre se reinventa. Às vezes é trágico e às vezes é engraçado, mas nunca não é interessante. Além disso, no livro muitas das histórias são de mulheres passando homens para trás, o que pode até ser encarado como reparação histórica. Se eu tivesse tempo e dinheiro, com certeza escreveria o livro Brasileiras Trambiqueiras, só com os causos das melhores pilantras deste país (editoras, me contratem).
📺A Morte entre Outros Mistérios: Estreou no Star+ uma série chamada A Morte entre Outros Mistérios (o nome é péssimo, mas enfim, vamos relevar). Trata-se de uma história de detetive clássica, em que alguém morre, tem um detetivão ali casualmente no local, e ele vai procurando pistas para descobrir quem matou. Mas há detalhes que vão deixando a história mais interessante.
A Morte entre Outros Mistérios tem como protagonista Imogene (Violett Beane), uma jovem que perdeu a mãe quando era criança, num atentado. O detetive Rufus (Mandy Patinkin) havia sido contratado pra investigar a morte da mãe dela, mas abandonou o caso, e o culpado nunca foi descoberto. Agora, os dois se reencontram num navio, onde há várias pessoas poderosas e onde acontece um assassinato. Rufus explica que o crime pode estar relacionado à morte da mãe de Imogene, e os dois se unem pra tentar resolver o mistério.
O plot é bem uma história clássica do estilo Agatha Christie. Eu sou formada em criminologia pela escola Agatha Christie, li dezenas de livros dela na adolescência, e a maioria é assim: umas 12 pessoas reunidas num lugar (que pode ser uma casa de veraneio, um hotel, um navio), um crime acontece ali e todo mundo fica preso no lugar até que o assassino seja descoberto.
É um entretenimento que prende o leitor/telespectador facilmente e não oferece muita complexidade ou horror (tô assistindo True Detective também - falarei disso aqui em breve - e é muito mais pesado e intricado, por exemplo). Então tô gostando bastante de acompanhar, achando tipo uma novelinha de crime. Tem lá seus mistérios, uma ou outra cena de tensão, e tem que prestar atenção pra não perder os detalhes, mas em geral acho leve. Dá pra ver à noite sem ter pesadelos. Me entreteve bastante numa noite em que passei sozinha em casa com covid, então tem seu mérito. Até agora três episódios estão disponíveis no Star+, e a plataforma liberará um por semana.
🥑Pastinhas de avocado: Cozinhei muito pouco nos últimos dias, mas tenho curtido brincar com avocado. Dá pra fazer preparações interessantes além do avocado toast clássico (que não estou criticando, pois sou millennial e a favor de um avocado toast sempre).
Vi duas opções de pastinhas no Instagram que curti bastante. Uma é a pastinha de avocado com ovo, que é quase como fazer a salada de ovos que ensinei aqui ano passado, mas com avocado no lugar da maionese - o que tem um valor nutricional, pois ambos são fontes de gordura, mas o avocado é uma gordura mais saudável. A medida que usei foi um avocado (tamanho médio, normal), dois ovos cozidos, sal e pimenta à gosto e meia colher de iogurte grego só para dar uma liga, uma cremosidade (pode ser substituído por ricota, iogurte natural, cream cheese, sour cream, o que você tiver). Coloquei também uns tomatinhos picados, mas é totalmente opcional. Aí é só picar os ovos, amassar o avocado, misturar tudo e tá pronta uma porção farta de pastinha de avocado e ovo. Fica um café da manhã forte e nutritivo.
A outra pastinha que estou doida pra fazer é a de atum com avocado, que vi no perfil do Du Tokushima. Também vai na linha de trocar a maionese que vai na pasta de atum clássica pelo avocado. Fiquei muito curiosa pra saber como fica essa combinação de sabores.
Na arte aleatória da semana, deixo aqui o trabalho da ilustradora Jackie Hatys, que é brasileira. Ela faz umas ilustrações tipo natureza morta contemporânea, gosto bastante dos traços.
Boa semana =)