#54 - Todos Menos Você, Numanice #3, chá de capim santo com maracujá
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 19 a 25 de fevereiro de 2024 :)
🎥Todos Menos Você: Este filme virou um fenômeno de bilheteria mundialmente. Ouvi no Falando de Nada, um podcast sobre a indústria audiovisual que já indiquei aqui outras vezes, que ele custou US$ 25 milhões pra ser feito e já tinha arrecadado mais de US$ 170 milhões (valor que certamente já aumentou). É curioso justamente porque hoje é raro não só ver comédias românticas se dando bem assim como puramente ver comédias românticas no cinema. Não lembro qual foi a última que eu vi antes de Todos Menos Você, mas aproveitei a semana do cinema (sessões por R$ 12) e fui lá.
É um filme que entrega muito bem tudo que se propõe. Entrega verossimilhança, realidade, roteiro incrível? Não, mas aí se você vai esperando isso o errado é você. Ele entrega cenas divertidas, protagonistas absolutamente lindos dentro de um padrão inalcançável de beleza, um desenvolvimento interessante da trama enemies to lovers. Aquele filme pra você sentar e ser entretido sem pensar muito durante uma hora e quarenta e quatro minutos, um deleite.
A história é sobre o relacionamento de Bea (Sidney Sweeney) e Benny (Glen Powell). Eles se conhecem aleatoriamente num café (seria meu sonho porque quase nunca vou pra balada, mas café eu vou muito, facilitaria minha vida se algum Benny aparecesse pra mim desse jeito), têm uma noite legal juntos e depois… Depois o negócio degringola. Até que eles se reencontram por parentes/amigos em comum e precisam se aguentar durante um casamento na Austrália. É aquela coisa de gato e rato, eles se odeiam mas também têm uma energia sexual intensa, uma química fortíssima. É bom, é bonito de ver, é divertido.
E aí tem outro ponto alto do filme: a música. A música Unwritten, da Natasha Bedingfield, faz parte da vida de um dos personagens e aparece em algumas cenas de forma muito bem colocada. Mas ela também faz parte da minha vida. Unwritten foi uma das minhas músicas preferidas da adolescência, provavelmente formando um top 3 de músicas favoritas ao lado de Breakaway, da Kelly Clarkson, e Nolita Fairytale, da Vanessa Carlton (diga que você é millennial sem dizer que você é millennial). Então, quando vi a recente repercussão nas redes sociais sobre Unwritten, os vídeozinhos dos atores e etc, fiquei muito curiosa pra saber o que fizeram com a minha música!! O resultado foi ótimo, ainda bem.
Em resumo, acho que Todos Menos Você é uma boa comédia romântica, um bom passatempo, aquele tipo de filme que um dia vai estar passando na TV e você vai deixar ali de plano de fundo porque é agradável e inofensivo (tem algumas cenas de sexo e nudez, então talvez não seja tão inofensivo assim para todas as idades, mas enfim). Gostei e estou ouvindo Unwritten no repeat desde então, como se fosse 2006 de novo.
💿Numanice #3: Eu gosto muito da Ludmilla. Acho que ela é uma das maiores artistas nacionais, hitmaker demais. O projeto Numanice é absurdo, um dos maiores shows do Brasil. Sempre tive vontade de ir, mas até então não concretizei esse desejo. Vamos ver se mudo isso agora que Lud lançou o Numanice #3.
Numanice é o projeto de pagode da Ludmilla (ela começou a carreira cantando pagode, depois foi pro funk como MC Beyoncé, e o resto é história). Ela manda muito bem no pagode, as músicas são sempre um alto nível, mas acho que este volume foi o que gostei mais até agora.
Achei ótimas as versões pagode que ela fez de músicas já conhecidas —Era Tão Bom, a versão de So Sick, do Ne-Yo, ficou muito melhor do que a original, de acordo com minha humilde opinião. Também gosto de Maliciosa, Pique Djavan e Você Não Sabe o que É Amor. Ela é a maioral, não tem jeito.
📖A Palavra que Resta: Li esse livro em uns três dias. Ele é curtinho mas é bem intenso. A Palavra que Resta, de Stênio Gardel, já estava no meu radar pois teve bastante repercussão no ano passado, ganhou prêmio e tudo. Eu estava sempre passando outros livros na frente, mas ele foi o escolhido do meu clube do livro este mês, então finalmente peguei.
A história é a de Raimundo, um brasileiro que vive um romance na juventude com Cícero. Não fica muito claro onde e quando a história se passa, mas é em algum local do interior do Brasil, onde não há muito acesso a cultura e educação. Raimundo cresce analfabeto e é vítima de muita homofobia quando o caso dele com Cícero é descoberto pelos parentes.
Quem nos conta a história, o narrador, é o próprio Raimundo. Mais velho, ele se lembra dos acontecimentos de sua vida e guarda consigo uma carta que recebeu de Cícero muitos anos atrás. Quando conhecemos o protagonista, ele está se matriculando num curso de alfabetização para adultos justamente para poder ler a carta.
A Palavra que Resta é muito bonito, muito bem escrito, muito poético, muito dolorido. Mexe em feridas profundas da nossa sociedade. Acho que para pessoas que têm vivências LGBTQIAPN+ pode com certeza ser muito mais impactante. E lendo eu enxerguei claramente como essa obra está prontinha pra se tornar filme ou série (não sei se já há uma iniciativa nesse sentido, mas seria perfeito).
Ainda assim, eu não daria nota 10 porque não gostei tanto do final. Entendo a escolha do autor, mas senti que ficou faltando algo. Vou falar pouco para te deixar curioso mesmo assim, mas daria um 8,5, que já considero muito bom.
🧋Chá de capim santo com maracujá: Já falei aqui do perfil do Du Tokushima, um cozinheiro que compartilha receitas no Instagram. Tenho vontade de fazer tudo que ele posta, e nessa semana de fato fiz um chá que ele ensinou, o de capim santo com maracujá.
Adoro chá de capim santo, acho chique, acho refrescante e provavelmente tem propriedades benéficas à saúde também. E a receita é bem simples. Tudo que você precisa é de um maço de capim santo, três maracujás azedos, duas colheres de açúcar (eu sinceramente colocaria três, mas vai do seu gosto) e dois litros de água.
Deixo aqui obviamente o vídeo do Du para você se guiar por ele, mas basicamente o modo de fazer é: colocar o açúcar numa panela grande até caramelizar, e em seguida entrar com a polpa do maracujá. Deixar uns minutinhos para reduzir e na sequência colocar a água. Quando levantar fervura, vai aparecer uma espuma do maracujá na superfície. Tire a espuminha com uma escumadeira (não precisa se preocupar em tirar tuuudo, só o excesso, pois você vai coar) e em seguida coloque o capim santo. Desligue o fogo e deixe a panela tampada por dez minutos. Depois é só coar e tá pronto. Dá pra tomar quente ou levar pra geladeira por algumas horas. Tomei bem geladinho, achei bem gostosinho e quero fazer agora toda semana.
Na arte aleatória da semana, vou fazer algo diferente e não vou indicar algum perfil de Instagram. O artista de hoje é mais antigo. Nesta semana passei numa livraria e vi cadernos cujas capas tinham desenhos de Heitor dos Prazeres. Fiquei encantada e fui pesquisar mais sobre ele. Heitor dos Prazeres viveu entre 1898 e 1966 e foi compositor e pintor. Participou da fundação de tradicionais escolas de samba no Rio de Janeiro e retratou em suas pinturas o samba, a umbanda, o morro, a favela, o Carnaval.
Achei os quadros e ilustrações dele belíssimos, me tocaram muito. Alguns me lembraram a obra de Tarsila do Amaral. Com certeza eu sou um tanto ignorante em relação a artes visuais, tem este ponto, mas fiquei pensando em por que ela conseguiu tanta repercussão e dele muito menos se fala, muito menos se conhece (desigualdade social, racismo, talvez passe por aí). Mas enfim, Heitor dos Prazeres. Prazer em conhecer, encantada.
Boa semana =)
Vanessa, o clube do livro do qual participa é aberto a qualquer pessoa?