#67 - Cleópatra e Frankenstein, beabadoobee, stand-up da Hannah Einbinder
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 10 a 16 de junho de 2024
📖Cleópatra e Frankenstein: Eu enrolei acho que anos pra ler este livro. Já tinha ouvido falar que era tipo Sally Rooney, mas não tão bom. Também já tinham me falado que dava ansiedade (tem alguns gatilhos de saúde mental e luto, é bom avisar). No final eu não tive reações extremas a ele (não achei genial, mas também não achei horrível). Eu gostei. De forma geral foi uma experiência de leitura bem satisfatória.
Cleópatra e Frankenstein é centrado nas vidas de Cleo, uma artista de 24 anos, e Frank, um publicitário de 44. Eles se conhecem numa festa, começam a namorar e logo se casam. Mas o livro vai passando também pelas histórias dos amigos e familiares deles.
Este foi um ponto que me surpreendeu positivamente: eu achei que fosse ser uma história sobre um relacionamento disfuncional, e é, mas é muito mais sobre as vidas de todas as pessoas que cercam Cleo e Frank. Tem vários capítulos que são focados nos outros. Então eu senti que é mais sobre esta bolha de pessoas entre 20 e 40 anos vivendo em Nova York e lidando com seus problemas do que sobre um romance.
O livro também é bem o tipo de obra que eu gosto (tenho certeza que já falei isso aqui, mas não vou lembrar em qual edição): não tem uma jornada de herói, não tem acontecimentos épicos ou muitos divisores de águas. É como se o leitor fosse convidado a espiar por buracos de fechaduras e acompanhar as vidas dessas pessoas por um período de tempo.
Cleo e Frank passam por percalços no relacionamento, têm momentos bons e ruins, momentos em que você acha o amor deles muito legal e outros em que tem umas brigas daquelas em que um fala tanta coisa pro outro que parece que não tem volta. Eu achei positivo também que o livro não faz julgamento de valor, no sentido de não colocar um ou outro (e aí não só Frank ou Cleo, mas todos os personagens) como mocinho ou vilão. Tem coisas difíceis, complexas e erradas que acontecem, umas mais erradas do que outras, e nem acho que seja um caso de tipo “deixar para o leitor avaliar”. Eu pelo menos avaliei que às vezes na vida a gente tá perdido e a gente faz cagadas mesmo, e a gente vai ter que lidar com as consequências de uma forma ou de outra.
Enfim, eu gostei bem, mas nem fiquei filosofando tanto assim. É uma leitura fácil, os personagens são bons (surpreendendo ninguém, minha favorita é a Eleanor), a trama me pareceu bem construída. Não é um livro que mudou minha vida, mas eu tava querendo pegar uma ficção dessas que engajam bem, e foi missão cumprida.
🎶beabadoobee: Faz um tempo eu vi um vídeo no TikTok de um cara mostrando como atualmente há artistas jovens e gringos fazendo um novo tipo de bossa nova. Artistas como Billie Eilish têm usado elementos de bossa nova em suas músicas e dando suas roupagens ao gênero —o que eu gostaria de dizer que sou muito a favor, pois tenho ranço de bossa nova porque os caras que faziam eram um bando de homem branco rico machista, então tenho dificuldade pra separar os artistas das obras. Mas tô divagando.
Neste vídeo, o cara destacava que beabadoobee também estava fazendo isso. Na época eu não dei muita bola, mas o Spotify vive me empurrando beabadoobee nas músicas e playlists sugeridas, então fui ouvindo meio que forçadamente. Deu certo, Spotify, estou ouvindo e gostando.
beabadoobee é o nome artístico de uma cantora filipina-britânica de 24 anos. Ela tem produzido música e sido notada desde 2020, mas teve um crescimento no ano passado, quando abriu alguns shows pra Taylor Swift nos Estados Unidos.
Tenho curtido bastante a mistura de elementos nas músicas dela; tem umas bem bossa novinha, mais calminhas, outras mais pop, outras mais rockzinha. A voz dela é muito gostosa também. Teve uma manhã que passei inteira ouvindo beabadoobee e foi tudo. As que eu mais gosto no momento são the way things go e the perfect pair.
📺Hannah Einbinder: Liquidação Total: Não sou uma pessoa muito dada a assistir shows de stand-up comedy. Sei que tem muitos bons (inclusive aceito indicações), mas confesso que, com o boom que este gênero de comédia teve de uns 15 anos pra cá e com o tanto de homem chato (muuuito chato) que apareceu falando qualquer bosta no palco, peguei uma preguiça monumental. Em geral, prefiro assistir a outras coisas e só vejo stand-up de gente que eu já conheço por outros trabalhos.
Foi o caso de Hannah Einbinder: Liquidação Total. Conheci Hannah Einbinder em Hacks (a melhor série de comédia do ano!!!!) e já me considero grande fã. Nesta semana, estreou no Max o show de stand-up dela e fui ver por curiosidade, pois não sabia que ela também se apresentava desta forma.
Dei bastante risada. Ela aborda temas mais pessoais, tipo a vida dela na infância e adolescência, questões com TDAH e uso de drogas, e assuntos mais universais, como aquecimento global e falar mal de homem. Gostei muito.
Tem outros dois pontos bem relevantes: o show é curtinho, menos de uma hora, então é bom para aqueles dias em que você quer ser entretido mas não quer passar duas horas na frente da TV. E o cabelo dela é a coisa mais linda. Eu seria de fato capaz de ficar duas horas apreciando o corte de cabelo de Hannah Einbinder.
🎧Critics at Large: Acho que estou numa fase meio de descobrir e curtir mais podcasts gringos. Antes eu só ouvia os brasileiros, porque me distraio mais fácil com o pessoal falando em inglês. Mas, desde que viciei no Every Single Album, parece que entrei numas de engajar com outros podcasts em inglês sobre cultura.
Eu já conhecia o Critics at Large, já seguia ele e outros podcasts da New Yorker, mas nunca tinha dado muita bola. Comecei a ouvir e adorei. Três redatores da revista comentam, a cada episódio, um assunto que tá quicando no universo cultural e comportamental da sociedade. Eles analisam, tentam entender, e trazem referências e perspectivas sobre.
O tema desta semana, por exemplo, foi viagem. Eles falaram sobre uma gama bem ampla de questões envolvendo viajar hoje, como por exemplo: o fato de estar mais barato (não que seja barato, mas viajar atualmente é muito mais acessível do que há 100 anos, é nesse sentido), o que isso traz de bom e ruim; a necessidade de sair um pouco de casa para ganhar uma visão de mundo diferente, o que as questões climáticas e o iminente fim do mundo como a gente conhece influenciam nos turistas e viajantes, etc. É bem interessante mesmo.
Eu nem necessariamente concordei com todos os argumentos, mas gosto de acompanhar os debates e as referências que eles apresentam, que neste caso foram de Mark Twain a Survivor. Uma coisa que eu valorizo é quando pessoas inteligentes sabem se comunicar de forma interessante e acessível, e eles sabem. Tenho deixado o podcast tocar enquanto faço atividades de casa e tem sido um deleite.
Um aviso: nesta semana, minha mãe passará por uma cirurgia (mandem boas energias!), e minha rotina ficará bagunçada, portanto não sei se terei muito tempo pra assistir a coisas, ouvir coisas, fazer coisas para gerar os favoritos da semana que vem. Então, se eu não aparecer no domingo seguinte, é por isso. Mas fé que estarei de volta muito em breve, sim, e com bastante conteúdo legal!
Na arte aleatória desta semana, deixo aqui o trabalho do perfil Orfayo, cujo artista faz estes desenhos bem simples, mas que eu acho bem adoráveis.
Boa semana =)