#78 - O Parque das Irmãs Magníficas, Agatha Desde Sempre, Olho de Chef
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 16 a 22 de setembro de 2024 :)
📖O Parque das Irmãs Magníficas: Fazia tempo que eu ouvia falar muito bem deste livro. Comecei a ler por ter sido o eleito para um clube de leitura do qual participo e meu Deus, que livro. É realmente muito, muito, muito bom.
O Parque das Irmãs Magníficas é o relato em primeira pessoa da autora, Camila Sosa Villada, e sua experiência de vida como travesti. É meio uma autobiografia e meio uma descrição do universo travesti onde ela se encontrou, se desenvolveu, viveu.
A trama tem como centro uma pensão em Córdoba, na Argentina, onde moravam várias travestis —entre elas, Camila. Em sua prosa, a narradora mescla momentos em que relata o que passou em sua própria vida, como a infância, a adolescência, a vida universitária e a prostituição, com o que observava da vida na pensão e das outras travestis.
O livro já te pega desde o início com um acontecimento e tanto: Tia Encarna, uma figura que é como a travesti-mãe, a líder de todas, encontra um bebê no Parque Sarmiento, o ponto onde todas se prostituem à noite. Tia Encarna leva o bebê para casa e passa a ser mãe dele, e todas as outras viram a família dele.
O livro é muito duro, muito visceral, muito sofrido, e ao mesmo tempo é muito bonito, muito lúdico, com muito sentimento. Camila Sosa Villada escreve maravilhosamente bem, é um absurdo. Há trechos mais pesados, com descrições de sexo e de violência, e outros em que ela floreia as coisas, deixa meio que um realismo fantástico.
Não sei descrever exatamente o que é este livro, mas é como se a gente pudesse olhar por um olho mágico dentro daquela pensão e daquele parque, dentro das vidas tão difíceis das personagens. Gostei muito e me arrependi por não ter lido antes e não ter pegado um autógrafo da autora, que veio aqui para o Brasil n’A Feira do Livro. Agora já quero pegar outras coisas dela pra ler.
📺Agatha Desde Sempre: Eu não sou nem um pouco ligada em ou conhecedora de coisas relacionadas ao universo Marvel. Acho uma loucura o esquema que os caras fizeram, em que, pra entender o filme/série X, você precisa voltar atrás e ver 354 filmes e séries anteriores. Não tenho paciência pra fazer este supletivo, ao menos não de livre e espontânea vontade. Dito isso, não ligo para coisas Marvel mas gosto de coisas de bruxas, então fui assistir a Agatha Desde Sempre.
A série, que estreou no Disney+ nesta semana, é focada na personagem Agatha Harkness (Kathryn Hahn). Quem assistiu a WandaVision (olha aí o esquema de venda casada) deve se lembrar de Agatha como a grande vilã de Wanda, que agia na surdina contra a feiticeira escarlate. De todos os produtos Marvel, WandaVision é o meu favorito, é uma série muito boa mesmo. Essa vale a pena voltar atrás e ver.
Mas sigamos com Agatha. Agora a Disney lançou um spin off, uma série só para ela. O primeiro episódio meio que segue o mesmo caminho de WandaVision e faz uma paródia de uma série de TV famosa: encontramos Agatha como Agnes, uma chefe de polícia de uma cidadezinha. É igualzinho a Mare os Easttown, série maravilhosa, da HBO.
No entanto, logo percebemos que Agatha está presa dentro de uma fantasia de true crime. O público e a própria Agatha descobrem que na verdade ela é uma bruxa que perdeu seus poderes após o embate com Wanda, e agora ela tem de recuperá-los.
A jornada para Agatha tentar recobrar os poderes envolve toda uma jornada da heroína, ou anti-heroína, no caso dela. Ela tem que seguir num caminho, chamado de Estrada das Bruxas, e enfrentar uma série de provações. Ao seu lado, terá outras bruxas meio descompensadas e inusitadas. Destaque para a maravilhosa, perfeita, incrível Aubrey Plaza no papel de outra bruxona, que parece ser meio antagonista, meio tensão sexual para Agatha.
Como eu disse no início deste tópico, adoro coisa de bruxas, e essas parecem entregar um pouco de tudo: terror, humor, suspense, mistério, ação, talvez romance? Até o momento a série tem me entretido bastante.
📹Olho de Chef: Eu sigo a Maqui Nóbrega mais pelos posts e stories de comida e de viagem. Nesta semana ela entregou um conteúdo que gostei bastante, chamado Olho de Chef.
A Maqui tem uns óculos equipados com uma câmerazinha (a tecnologia, né, menina), e aí ela consegue filmar o que quiser, e os vídeos são basicamente a perspectiva do que ela está vendo.
Olho de Chef é como ela chamou uma série de vídeos em que acompanha um chef de cozinha numa ida ao mercado. No primeiro vídeo, ela vai com Cony Pinheiro, chef do restaurante Ema, em dois mercados na Liberdade, bairro de forte presença oriental/asiática em São Paulo.
Eu amo muito o conceito de turismo em mercado, que consiste em passear em mercados diferentes do que você está acostumado e ver as coisas que tem lá. A Liberdade é um bairro da minha própria cidade, mas os mercados de lá têm muitos itens importados do Japão, da China, da Coreia, então tem muuuuita coisa que a gente nunca viu. E é muito legal ver, e foi muito bom o episódio em que um chef de cozinha mostra coisas que são curiosas, que valem a pena, explica pra que servem, como usar. Achei muito interessante e já quero mais episódios.
🎧Podcast sobre moda e política: Quem me conhece sabe que eu sou muito anguler. Eu amo o podcast Angu de Grilo, da Flávia Oliveira e da Bela Reis, acho elas as maiorais, o podcast o maioral. Nem indico mais aqui porque já trouxe outras vezes, mas pra variar o episódio desta semana está babilônico, vale muito a pena ouvir. Estou citando o Angu aqui pois, no episódio desta semana, elas falam sobre Kamala Harris e as roupas dela.
Kamala tem tido uma estratégia muito inteligente (ao meu ver e de acordo com o que li/ouvi) ao fazer tipo um uniforme para a campanha (mesmo estilo de terninho, mudando cores, outros detalhes, e usando muito tênis). E aí Bela e Flávia citaram um episódio do podcast Café da Manhã que fala sobre moda e política.
O episódio é este acima e tem como entrevistada a personal stylist e pesquisadora de moda Thais Farage. Eu sei que há questões sobre ela (acho que sobre um curso que ela deu), mas enfim, não sou capaz de opinar, conheço quase nada sobre. Vou tratar aqui apenas da entrevista dela no Café da Manhã.
A profissional diz coisas muito interessantes sobre o fato de a moda fazer parte da cultura da sociedade em geral e ser um tópico muito relevante na política, mas ainda assim, ainda agora, ser tratada como futilidade. Ela fala sobre os trajes dos candidatos a prefeito de São Paulo, sobre a diferença de tratamento (e a altíssima misoginia) em relação a roupas de homens e mulheres na política, como a moda também é comunicação, é mensagem. Enfim, é bem interessante ver o assunto ser tratado desta forma, com a atenção que merece e com informação e elaborações de qualidade.
Na arte aleatória da semana, recomendo o perfil da ilustradora Abbie Rosie. As artes dela são todas bem coloridas, bem “I’m just a girl”, eu adoro.
Boa semana =)