#80 - O Museu, A Grande Provocadora, Chef's Table: Macarrão
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 7 a 13 de outubro de 2024 :)
📺O Museu: Eu estou em dia com as minhas séries do Disney+ (Only Murders in the Building e Agatha Desde Sempre), e quando termino de ver os episódios da semana geralmente quero ver mais alguma coisa. A própria plataforma me recomendou O Museu e tenho gostado.
O Museu é uma série espanhola que se passa, surpreendendo ninguém, num museu. O protagonista é Antonio Dumas, um figurão do mundo das artes que se candidata a uma vaga de diretor de um museu de arte moderna em Madri. O museu é fictício, mas é uma representação bem parecida ao que vemos em instituições do tipo pelo mundo, principalmente no hemisfério norte. Então lembra muito o MoMA, ou o Tate, enfim.
Este Antonio Dumas é meio detestável. Ele é um velho branco hetero, como ele mesmo diz, um tanto ultrapassado em relação ao politicamente correto. Ele não é nada moderno nem “woke”. Ele tem atitudes bem péssimas, é um personagem que passa longe de conquistar o público num primeiro momento. O que eu achei muito inteligente na série é que ele consegue o emprego e daí pra frente vai só se ferrando.
Vários problemas vão acontecendo no museu, como uma escultura de um cara importante ser pichada (pois no passado o cara da escultura foi violento com mulheres). Como um artista que coloca um cadáver de uma baleia em exposição. Problemas do mundinho arte moderna que são uma grande fonte de humor para quem está só assistindo.
De início eu estranhei um pouco O Museu porque é uma série um tanto sisuda. Fiquei pensando que há aí uma diferença no conteúdo europeu; uma série brasileira, argentina ou americana de comédia dificilmente teria essa atmosfera. Mas depois me acostumei e entendi que boa parte do humor vem também daí, de os personagens e o estilo de contar a história ser um pouco travado, além do universo das artes também ter seu clima mais “sério”.
A temporada(só há uma até agora) tem seis episódios curtinhos, de menos de meia hora, e muito bons. Um ótimo entretenimento pra maratonar ou assistir num fim de noite, antes de dormir.
🎧A Grande Provocadora: Fui ouvir este podcast por causa de uma indicação do Chico Felitti no Instagram. A Grande Provocadora conta a história de uma colunista social portuguesa, das décadas de 1960 e 1970, que usava um pseudônimo e barbarizava a sociedade da época.
A provocadora do título é Vera Lagoa, uma senhora que escrevia uma coluna chamada Bisbilhotices (eu amei) para um jornal de Lisboa. Ela ia a festas, eventos, acompanhava o que acontecia na cidade e dava suas opiniões, fazia críticas, elogios. Falava mal sem medo, e as fofoquinhas foram fazendo grande sucesso. O mais legal é que, por um tempo, ninguém sabia quem era Vera Lagoa. Era tipo a gosspi girl deles.
Mas ela não se importava só com as futilidades da alta sociedade. Vera Lagoa também teve papel relevante na ditadura portuguesa e ajudou perseguidos políticos, além de também dar alfinetadas nos militares. Ela mesma perdeu entes queridos para a tortura e a violência extremas da polícia/do regime.
Eu não conhecia absolutamente nada dessa história e tô gostando bastante de saber mais. A Grande Provocadora já teve dois episódios publicados no Spotify, de um total de cinco. É preciso admitir que o sotaque português pode ser um desafio, porque realmente é difícil de entender às vezes —eu sou da opinião de que o Brasil melhorou 1000% o idioma português e que o português brasileiro é muitíssimo superior, mas longe de mim fomentar polêmica.
Mesmo assim, depois de alguns minutos eu acostumei e consegui entender melhor. Tem que prestar um pouco mais de atenção do que se fosse um podcast no nosso português, mas vale a pena. A sonoplastia, aliás, é foda!!! É muito, muito, muito boa mesmo, fiquei encantada.
📺Chef’s Table: Macarrão: Não sou especialmente uma grande fã de Chef’s Table, a série documental da Netflix que conta, a cada episódio, uma espécie de biografia de um chef renomado de algum lugar do mundo. Acho legal, mas em termos de séries documentais de comida, minha favorita disparada é Street Food. A única temporada do Chef’s Table que eu vi inteira foi a de pizza (inclusive recomendo o episódio 2, que é sobre um pizzaiolo italiano completamente doido que usou a grande canção Xibom Bombom, da banda As Meninas, como seu jingle pessoal).
Mas enfim, nesta semana a Netflix lançou Chef’s Table - Macarrão, e aí não tive como não dar o play. São quatro episódios que contam as histórias de quatro cozinheiros que se tornaram mestres de macarrão em diferentes regiões do mundo e de diferentes estilos. Tem um americano que aprendeu a fazer pasta fresca na Itália e virou muito famoso nisso em Los Angeles; uma chinesa que se deu bem em Londres fazendo um macarrão típico de sua região, um italiano da região de Nápoles que construiu um negócio em família com foco em pasta seca (o macarrão que você compra e cozinha), e uma americana que voltou para suas raízes no Camboja e virou chef com elementos de lá.
Eu pessoalmente gosto mais da série pela comida do que pelas histórias de vida dos chefs, mas estas são boas também. Bastante drama, superação pessoal, casos de família.
Em relação à comida, é um desbunde. O primeiro e o terceiro episódio, os que se passam na Itália, me arrebataram demais. É a coisa mais linda ver as mulheres italianas fazendo os tipos diferentes de macarrão; eu queria um episódio do Chef’s Table sobre cada uma delas. E o cara napolitano, que eu comecei achando que seria mais um figurão doido de Nápoles, no final terminei chorando com ele e morrendo de fome ao mesmo tempo.
Há uns dois anos, eu comecei a aprender a fazer pasta fresca em casa, e é um processo muito legal e muito exaustivo. Parei porque demandava muito tempo e recursos e era meio difícil fazer para uma pessoa só. Mas ver a série me deu muita vontade de voltar a brincar de fazer macarrão.
Tá bem boa essa temporada, só evite assistir de barriga vazia. Eu acho que li em algum lugar que vai ter também uma temporada só de confeiteiros. Já quero muito ver.
🎶Holly Humberstone: Ouvi no episódio da semana passada do Every Single Album (sim, eu mais uma vez pregando a palavra deste podcast) uma indicação para esta cantora e fui atrás.
Holly Humberstone é uma cantora e compositora britânica de 24 anos. Ela já tinha lançado um álbum, alguns singles e EPs desde 2020, mas tá despontando agora com seu álbum mais recente, Paint My Bedroom Black, e feito shows.
Achei um popzinho bem bom, letras boas, refrões que grudam. Lembra um pouco Taylor, Gracie Abrams, pop dos anos 2000. As minhas preferidas dela são Ghost Me e Lauren. Tenho ouvido no repeat.
Na arte aleatória da semana, mais uma vez vou confessar que não sei se já trouxe essa artista aqui, porque enfim, eu gosto de coisas parecidas. Mas de qualquer forma trago a Barbara, uma ilustradora e psicóloga da Hungria, que mantém o perfil joyfulsmolthings, cuja tradução livre eu imagino que seja algo como “pequenas coisas alegres”.
Boa semana =)
Só queria acrescentar uma camada pra tua descoberta da Holly Humberstone: ela gravou uma música com o Bombay Bicycle Club que é a coisa mais linda. A versão acústica é lindaaa: https://www.youtube.com/watch?v=eNGzJxUtauI e ela também cantou Heat Waves com o vocalista do Glass Animals, criando uma versão que só aumenta o teor melancólico da música: https://www.youtube.com/watch?v=i0gemZFlyG0 essa moça sabe escolher as parcerias!