#79 - Intermezzo, Ninguém Quer, daylist
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 30 de setembro a 6 de outubro de 2024 :)
📖Intermezzo: Como boa millennial que sou, fui atrás do novo livro da Sally Rooney assim que foi lançado. Passei na frente de todos os outros na minha pilha de LPL (livros para ler) e o devorei. O meu veredito é algo do tipo: não achei o melhor dela e não é uma história que mexeu muito comigo ou mudou minha vida, mas é um bom livro, é muito bem escrito e foi uma boa experiência de leitura.
Intermezzo é o quarto livro de Sally Rooney e, mais uma vez, ela entrega o que sabe fazer de melhor: histórias e diálogos de pessoas se relacionando, pessoas comuns vivendo no mundo complexo do capitalismo tardio, sofrendo as agruras das relações, das confusões mentais e emocionais, da sociedade em que vivemos.
Em Intermezzo, os protagonistas são dois irmãos, Peter e Ivan. Eles acabaram de perder o pai e estão lidando com o luto. Ao mesmo tempo, a relação entre os dois fica estremecida, e cada um lida com suas próprias questões amorosas. Peter tem 30 e poucos anos e vive dividido entre duas mulheres: uma ex-namorada que ele ainda ama, mas que tem problemas físicos após ter sofrido um acidente, e uma ficante mais nova, que é meio perdida na vida e com quem ele fica ali no limite do sugar daddyismo. Ivan tem 20 e poucos e começa um relacionamento com uma mulher divorciada de 36, enquanto tenta entender o que quer fazer da vida profissional; ele é um jogador de xadrez que está meio desiludido com a área.
Ao longo dos capítulos, a gente vê muitas conversas, muitos pensamentos, muitas dúvidas, muita incerteza sobre como proceder, o que fazer com essa vida que, ainda que não tenha grandes acontecimentos, tragédias inacreditáveis, ainda assim é tão difícil e nos deixa tão exauridos e confusos. Não tem mocinho nem vilão, todos os personagens têm suas questões.
Acho que a Sally Rooney conseguiu muito bem, mais uma vez, criar uma história que envolve muito o leitor nas vidas daquelas pessoas, faz a gente sentir e se identificar não necessariamente com as questões específicas deles, mas com as sensações, os diálogos, as descrições de cenas de sexo (ela é muito boa nisso), a comunicação muitas vezes deficitária, complicada.
As minhas questões com o livro não são críticas no sentido de colocar defeito nele, mas mais coisas que não são bem do meu gosto. Os protagonistas homens, por exemplo. Eu sou meio “homens o que tenho a ver” das ideias; dramas masculinos não me interessam tanto kkk. Se as protagonistas fossem mulheres, certamente a história me pegaria mais.
Acho que as mulheres no livro, principalmente na trama do Peter, muitas vezes são legais demais, compreensivas demais, abertas demais a um cara que não sabe o que tá fazendo. Mas isso obviamente é uma visão de quem tá de fora, porque a verdade é que quem tá dentro de um relacionamento quase sempre não enxerga a realidade como ela é, enxerga só uma nuvem, uma nevoeiro. E o livro deixa o leitor totalmente imerso no nevoeiro.
Tem também a questão do formato. Intermezzo tem muito fluxo de pensamento e não tem aspas ou travessões separando o que é fala, o que é diálogo, e o que a pessoa apenas pensou. Não é um erro, é uma escolha, mas que pode incomodar muita gente. Não achei propriamente ruim, mas teria achado muito melhor se a Sally tivesse feito uso de travessões.
Esta não é uma crítica literária, obviamente, são só algumas impressões. No final, eu gostei da experiência de ler Intermezzo e continuo grande fã da escrita de Sally Rooney. Se você quiser saber mais sobre o livro e o fenômeno da autora no mundo inteiro, recomendo fortemente o episódio sobre ela do podcast Critics at Large, sempre excelente.
Ah, e a tradução brasileira de Intermezzo é da Débora Landsberg, que é assinante desta humilde newsletter. Débora, se você estiver lendo aqui, parabéns!! A tradução tá impecável.
📺Ninguém Quer: É claro que eu me rendi ao hype do momento e assisti à série Ninguém Quer, da Netflix. Não apenas assisti como uma pessoa normal. Eu maratonei tudo, sem parar, no domingo passado. É perfeita mesmo.
Ninguém Quer é uma série em dez episódios que trata do romance entre Noah (Adam Brody) e Joanne (Kristen Bell). Ela é uma solteira que tem dedo podre para relacionamentos, e ele é um rabino recém-separado. Os dois se conhecem e se apaixonam, para azar de ambos.
Por ser um rabino, Noah não pode pode ficar com uma mulher não-judia —ficar até pode, mas quando o relacionamento vai se tornando mais sério, a questão se torna mais problemática.
Ninguém Quer é uma comédia romântica que oferece a mulheres hetero basicamente tudo que elas querem e que é tão difícil de ter (digo isso em relação a solteiras e a comprometidas também!!): um relacionamento saudável, com boa comunicação, com maturidade, com muito amor, com um homem que leva em consideração seu sentimentos, que mostra os dele, que não foge de conversas e momentos difíceis, que faz questão de você. Juro, eles juntaram tudo isso e ainda colocaram este homem na persona do Adam Brody, o crush millennial eterno. É arrebatador, foram certeiros demais.
Além de tudo isso, a série é muito gostosinha de assistir, e os personagens coadjuvantes são todos muito bons, as histórias paralelas são bem desenvolvidas. Entretenimento 10/10, meu único arrependimento foi ter viciado e visto tudo de uma vez, porque agora sabe-se lá quando teremos nova temporada. Torço para que não demore.
Pausa para autopropaganda!
Nesta semana, soltei aqui um conteúdo que eu vinha enrolando faz tempo e meus amigos pediam faz tempo: uma série de posts sobre cafés para ir em São Paulo. Selecionei os lugares que mais gosto e indico aqui onde ir, o que pedir.
O conteúdo faz parte da assinatura premium, em que leitores ganham alguns posts extras e ajudam esta humilde produtora de conteúdo a comprar um cafézinho. Mas estes posts das listas de cafés, no entanto, estarão liberados para todos os leitores um ou dois dias depois da publicação, porque eu sei que vocês gostam!! A primeira parte da lista já está disponível, leia aqui.
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🎶Daylist: Isso aqui se tornou um motivo de divertimento para mim e minhas amigas nas últimas duas semanas. O Spotify tem um monte de playlists feitas para você, e muitas delas não são tão expostas; você precisa ir na busca e colocar “just for you”, ou “feito pra você”, algo assim, pra a plataforma te mostrar tudo o que tem guardado.
As daylists eu nem sabia que existiam neste limbo, mas quando descobri passei a acessar todo dia. Nem tanto pelas músicas em si, mas para saber o que o Spotify tinha analisado sobre minhas preferências e inventado hoje.
Daylist é uma playlist do Spotify que se atualiza várias vezes por dia. Acho que está ficando meio confusa essa explicação, mas é uma mesma playlist, cujo nome, descrição e as músicas vão mudando ao longo do dia. Então a daylist tem versões como manhã cedo, manhã, tarde, fim da tarde, noite, fim de noite, madrugada.
Em cada uma dessas versões, o algoritmo coloca músicas baseado no seu histórico de audição neste dia da semana, neste horário. Então, por exemplo, se na quarta de manhã na semana passada você ouviu muito Charli CXC, talvez na próxima quarta sua daylist seja tipo Electro Pop Clubber.
O mais legal é justamente ver as palavras aleatórias que o Spotify encontra para descrever as daylists. Pra mim já apareceram coisas tipo “manhã de chuva e canela”, “bubblegum pop princesinha do pilates”, “tropicália vó praieira”. Eu não faço ideia do que passou a vibe princesinha do pilates ou o estilo vó praieira para o Spotify, mas acho divertido. E, em relação às músicas, é bom pra dar uma leve variadinha nas músicas que estão no seu repeat.
Para encontrar as suas daylists, é só digitar daylist na busca, em diferentes momentos do dia.
🎧60 Anos em 60 Discos: Já vi este livro, chamado 60 Anos em 60 Discos, nas livrarias muitas vezes. Já folheei, mas nunca me animei muito pra comprar, por um motivo que talvez seja um tanto restritivo. Eu gosto de alguns dos 60 discos, os outros não gosto ou não me interesso muito. E tem outros livros pra ler. Porém, eu adorei saber que o livro tem sua versão em podcast!!
Basicamente, cada episódio do podcast 60 Anos em 60 Discos fala sobre um disco muito relevante para a música —neste caso, são apenas músicas em inglês. O conteúdo é muuuito bom, muito bem feito, conta a história de artistas, de álbuns, da cultura e muitas vezes da sociedade da época também.
Eu sou uma ávida ouvinte de podcasts, estou sempre ouvindo enquanto faço outras coisas, e este foi um grande achado. Recomendo demais pra quem quer aumentar seu repertório musical e se alimentar de informação de qualidade.
Na arte aleatória da semana, deixo o trabalho da Ana Aparicio, uma ilustradora que faz uns cards usando frases de motivação/divertidas usando bichos. Eu adoro.
Boa semana =)