#86 - Garota do Momento, A Itália de Elena Ferrante, poemas de Wisława Zymborska
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 18 a 24 de novembro de 2024 :)
📺Garota do Momento: Eu trabalho escrevendo sobre televisão, quase sempre sobre novelas, diariamente. São muitos e muitos (muitos mesmo) textos sobre novelas por semana, por mês, por ano. É engraçado que, ainda que eu esteja tão imersa neste universo, eu demore a me tocar que posso trazê-lo pra cá, para este meu projeto pessoal que eu gosto tanto. Enfim, uma breve reflexãozinha da minha mente estranha.
Estreou no início deste mês uma nova novela das seis, chamada Garota do Momento. Digo com tranquilidade que é a melhor novela entre todas no ar atualmente e a melhor novela das seis em muito tempo (talvez não tão boa quanto Alma Gêmea, que tá no final de sua reprise no Vale a Pena Ver de Novo e continua um hit absoluto, mas são produtos diferentes).
Para quem ainda não está familiarizado com a trama, vou dar um breve panorama: Garota do Momento tem como protagonista Beatriz (Duda Santos), uma jovem que cresceu sem a mãe, que um dia foi pro Rio de Janeiro e sumiu, nunca mais voltou. Quase 20 anos depois, ela vê uma foto da mãe na revista, descobre um pouco da vida dela e decide ir encontrá-la. O problema (um entre muitos problemas) é que a mãe perdeu a memória, caiu numa grande farsa, não se lembra da filha. E aí vem um grandessíssimo caso de família.
É uma novela com todos os elementos que uma boa novela tem que ter. Todos os personagens são muito bons e bem construídos. Os mocinhos têm química, os vilões são excelentes, perversos mas com camadas, com nuances; os coadjuvantes têm boas histórias próprias também. Tem romance levinho, romance intenso, maldade forte, intriga, traição, segredos, mistério, vingança, humor. Tem também bastante crítica social; é uma novela 100% de 2024, apesar de se passar em 1958. Ela é bem “woke”, é curioso.
Tô gostando muito de acompanhar e adorando principalmente as tramas e as atuações de Leticia Colin, Maria Flor e Palomma Duarte, minhas personagens favoritas. Recomendo muito Garota do Momento pra quem gosta de uma boa novelinha, pra quem quer tirar meia hora do dia pra acompahnar uma história bem feita, belíssima esteticamente, um entretenimento acessível, bem brasileiro e de qualidade.
📖Para Além das Margens: A Itália de Elena Ferrante: Falando em novela, chegou ao fim na semana passada a série My Brilliant Friend, baseada na tetralogia napolitana de Elena Ferrante, que tinha elementos de novela, apesar de ser outro formato. Eu fiquei ao mesmo tempo extasiada com a maravilhosidade dessa série, dessa história, e um tanto órfã ao pensar que acabou, não tem mais episódio novo no horizonte. Eu amo muito, são meus livros preferidos.
Não direi que foi coincidência porque eu já tinha planejado mais ou menos fazer isso, mas assim que acabou a série comecei a ler Para Além das Margens: A Itália de Elena Ferrante, livro escrito por Isabela Discacciati, que é quem faz também o perfil de Instagram Clube Ferrante.
Isabela fez o que todo fã de Ferrante e da tetralogia napolitana tem vontade: uma peregrinação pela Itália, passando pelos lugares e pelas cidades que Lenu (a protagonista da tetralogia) passou. Mas ela vai além. Isabela faz altas pesquisas sobre os lugares, conversa com habitantes locais e traz informações e comentários muito enriquecedores sobre história, mitologia, arquitetura, influências de outros escritores naqueles lugares e na obra de Ferrante. É muito, muito bom, fiquei encantada.
Em escala muito menor, eu também fiz um pequeno tour tetralogia em 2022. Fui a Nápoles, cidade em que a maioria dos personagens vive na maior parte de toda a história da tetralogia, e a Ischia, uma ilha pertinho de Nápoles onde Lenu passa duas férias conturbadas.
É coisa de fã maluco andar por uma rua e pensar que sua personagem favorita “passou por ali”, sendo que nem real ela é. Mas eu pensei nisso, senti isso de “que legal, estou aqui onde ela esteve”, fiquei muito tocada, achei o máximo. No livro, Isabela Discacciati vai além e explora como as cidades refletem os personagens e vice-versa, coloca as cidades como personagens também, de certa forma. É muito legal mesmo. Morri de saudade de estar em Nápoles e Ischia. Tomara que um dia, não muito distante, eu volte.
É claro que é um livro muito melhor aproveitado por quem conhece, leu e curte os livros de Elena Ferrante, mas acho que pode ser apreciado mesmo por quem não leu. É basicamente um diário de viagem muito enriquecido com pesquisa histórica e conversas com pessoas que contam suas histórias e as histórias dos lugares. É sem dúvida um dos meus livros favoritos do ano.
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📖Poemas, Wisława Szymborska: Não sou muito de ler poesia, sempre digo não aos jovens tilelê que ficam em parques, ruas e bares de São Paulo querendo vender seus livrinhos e perguntando “gosta de poesia?”. Sou bem básica neste setor; gosto de Carlos Drummond de Andrade, de Paulo Leminski, alguma coisa de Ana Martins Marques e acho que esse é todo o repertório de poesia aqui em casa. Não me orgulho, mas não necessariamente me envergonho também. Acho que poderia ler mais poesia, mas na maior parte do tempo prefiro ler outras coisas.
Pois bem, por conta do clube do livro de que participo atualmente, me vi convidada a ler um livro de poemas. O título escolhido foi uma coletânea de poemas de Wisława Szymborska, uma poeta polonesa (pronuncia-se algo como Vissuáva Chembórska, segundo o prefácio do livro). Eu já conhecia alguma coisa dela, bem pouco, mas adorei.
Os poemas de Wisława são bem acessíveis, no sentido de que não tentam ser muito rocambolescos linguística ou semanticamente. Mas também não são bobinhos ou simplórios, tipo poesia de Instagram. Ela junta as palavras e os pensamentos de um jeito simples mas muito tocante, forte, inusitado, bonito, interessante. Os poemas reúnem elementos históricos, filosóficos, existencialistas, além de questões de gênero, questões sobre a passagem do tempo, sobre nossa forma de viver e encarar a vida.
Melhor do que eu ficar falando é dar alguns exemplos. Eu já conhecia o poema Vietnã, que é absolutamente inteligente, impactante, incrível sobre maternidade. Amei conhecer os seguintes poemas, que já se tornaram alguns dos meus favoritos da vida: Amor à primeira vista, Discurso na sessão de achados e perdidos e A vida na hora (meu favorito, pessoas ansiosas se identificarão).
🎶Del Water Gap: O Spotfy vive colocando músicas aleatórias nas minhas daylists, e acho que foi numa dessas que conheci Del Water Gap. A princíío achei que fosse ser mais uma dessas musiquinhas inofensivas, que a gente deixa tocando de fundo sem se incomodar mas não gosta o bastante pra adicionar às músicas curtidas e ficar ouvindo intencionalmente. Acontece que foi exatemente isso que aconteceu.
Del Water Gap é nome do projeto indie pop do cantor, músico e produtor Samuel Holden Jaffe. Ele tem um álbum de 2021 que é muito bom e tem as duas músicas que estou ouvindo direto: Better Than I Know Myself e Ode to a Conversation Stuck in Your Throat. São aquele tipo de pop animado, viciante, levantador de ânimo, trilha sonora de comédia romântica.
Del Water Gap já abriu shows e fez feat com artistas como Maggie Rogers, Arlo Parks, girl in red e Holly Humberstone (de quem também já falei aqui). Vale o play.
Na arte aleatória da semana, deixo aqui o trabalho da Rosie Pink, que eu vi ser muito compartilhado por conta daquela tirinha de “I’m exactly like other girls”, maravilhosa. Esta ilustração aqui abaixo representa um desejo cada vez mais frequente em mim
Boa semana =)