#63 - Oi, Sumido, Hacks, Uma Ideia de Você
Olá! Vem cá ver a lista de itens favoritos da semana de 29 de abril a 5 de maio de 2024
📖Oi, Sumido: Sou grande fã da Dolly Alderton, autora deste livro. Li outro trabalho dela uns tempos atrás (até falei dele aqui), a autobiografia Tudo Que Eu Sei Sobre o Amor e AMEI, se tornou um dos meus livros de não-ficção favoritos da vida. Eu sabia já há um bom tempo que ela tinha escrito este livro de ficção, Oi, Sumido, mas confesso que torcia um pouco o nariz para o estilo que eu achava que o livro teria.
Acho que isso sai um pouco do meu personagem, mas a verdade é que eu não gosto muito de literatura chick-lit, tipo “livros de menina”, comédias românticas em livro, sou zero consumidora de YA. É um tanto incoerente porque eu amo comédias românticas em filmes e séries, mas enfim. Pensei que o livro Oi, Sumido seria só mais uma história de ghosting e de uma mulher sofredora, e pensei “já vivi/vivo isso e já li Copo Vazio, não preciso de mais um conteúdo desse”. Eu estava muito enganada. Oi, Sumido é muito mais do que isso, é maravilhoso e já se tornou um dos meus livros de ficção favoritos da vida.
A protagonista é Nina, uma mulher de 32 anos que vive em Londres, tem um trabalho muito legal como autora de livros de culinária, é solteira e tem seus amigos e família. O livro vai nos guiando através do que ela chama de um ano louco em sua vida e de seus relacionamentos com as pessoas que compõem seu círculo afetivo.
Tem a questão do ghosting. Nina conhece um cara num aplicativo, ele parece incrível, eles parecem um par perfeito, até que ele para de responder mensagens, some do nada. Este é um aspecto muito presente nos relacionamentos (ou tentativas de relacionamentos) da nossa geração (minha, da Dolly, possivelmente da sua). Eu já passei por isso e achei que estivesse bem resolvida nesta área —tipo, é um consenso que isso é uma merda e coisa de gente covarde, sigamos em frente. Mas confesso que, ao ler o trecho do livro em que rola o vácuo, eu fui transportada para o momento da minha vida em que também levei um ghosting de um cara com quem eu já tinha um certo relacionamento, e nossa. Deu uma angústia, um buraco no estômago só de lembrar.
Acho que este é o grande trunfo da Dolly: não o fato de causar borboletas no estômago, mas ser perfeitamente a voz de uma geração (ela conseguiu o que a Hannah tentou em Girls). Ela trata de questões de mulheres millennials e retrata o que a gente vive de um ponto de vista geracional/universal/maravilhoso.
Digo isso no sentido de que, mesmo a personagem vivendo em Londres e tendo uma rotina diferente da minha, consigo enxergar a mim e às minhas amigas em coisas tipo ghosting, a chatice dos aplicativos, como lidar com homens é insalubre, amigas que se casam/têm filhos e se cria um abismo entre as solteiras/sem filhos, a vida numa cidade grande, as coisas que a gente pensa e reflete.
Claro que há um recorte geracional também de pessoas classe média, com certo nível de escolaridade, etc. Mas aqui rolou uma identificação enorme. Ri muito, chorei, pensei muito numa amiga minha em especial que se parece um tanto com a amiga Lola do livro. Me senti meio tonta por rejeitar um livro pela capa e pelo nome e, logo após ter começado a ler, ter percebido que eu era extremamente o público alvo. Ele é muito eu, muito pra mim.
A única ressalva que eu faço é que é um conteúdo muito focado nas experiências de mulheres hetero (ou ao menos de mulheres que pegam homens). Então acho que quem não faz parte deste castigo humanitário pode não se empolgar. Mas acho também que o livro vai além da questão de vida amorosa e ghosting.
Nina tem questões pra lidar que são tão mais profundas e difíceis que o fato de um cara não responder mensagens entra em outra perspectiva, e a gente percebe como é algo só muito babaquinha. O livro fala sobre relacionamentos, sobre a vida de uma mulher de 30 e poucos, sobre desafios que a gente tem que encarar no dia a dia. É o meu tipo de obra artística preferida: aquela que não tem exatamente uma jornada do herói, não tem terríveis dramas ou conquistas épicas. É só uma janela aberta sobre a vida daquelas pessoas durante determinado período de tempo.
Oi, Sumido é tudo, eu amei demais, já consumo tudo que a Dolly Alderton faz e agora estou mais fã ainda, louca pra ler os outros livros dela. Dolly Alderton é minha pastora e nada me faltará.
Ah, quem começou a ler o livro antes e me deu o impulso pra começar a leitura foi minha amiga Isadora, que escreveu muito bem sobre a sensação que ele nos traz - leia aqui.
📺Hacks: Fazia dias (talvez semanas) que eu estava naquela situação de scrollar e scrollar os catálogos das plataformas de streaming e não ter muita vontade de assistir nada. Até que esta semana eu voltei a ser feliz: estreou nova temporada de Hacks.
Hacks é uma série de comédia em que as protagonistas são Deborah Vance (Jean Smart), uma comediante idosa, e Ava (Hannah Einbinder), roteirista que escreve para Deborah. As duas têm uma relação meio tempestuosa; por vezes estão em sintonia, outras estão tretadas. Mas a interação entre elas é muito boa, a química é ótima.
Nesta terceira temporada, vemos Deborah e Ava separadas, após a patroa ter demitido a funcionária no fim da temporada anterior. Mas elas logo se reencontram e não conseguem ficar muito tempo distantes. Ava dá dicas valiosas a Deborah, elas passam a trocar mensagens sobre tudo e voltam a trabalhar juntas nos novos desafios que aparecem.
É um pouco difícil explicar Hacks pra quem nunca viu, porque as piadas são muito nos diálogos e na interação entre elas, na atuação impecável das duas atrizes. O primeiro episódio dessa terceira temporada, por exemplo, já começa com alguém falando pra Deborah “please come to Brazil”, e ela diz que vem. Depois tem uma cena em que Ava comenta um vestido que Deborah pretendia usar num evento importante, e são tiradas muito boas.
O legal mesmo é acompanhar a dinâmica entre elas, que tem muito de choque geracional e comportamental e comentários afiados de ambos os lados. Hacks é uma das melhores produções em atividade na televisão hoje em dia, recomendo 1000%. Tá no Max.
🎥Uma Ideia de Você: Esse aqui eu tava acompanhando superficialmente o burburinho nas redes sociais e confesso que nem tava muito animada. Fui ver pela curiosidade e por ser um filme da Anne Hathaway (amo Anne Hathaway) e putz, me senti agraciada. Que bom ver uma coisa sem expectativa e ser surpreendida positivamente.
Uma Ideia de Você é um filme baseado numa fanfic (acho que por isso eu julguei mesmo e pensei ‘lá vem bomba’), que depois virou livro. É a história de uma mãe, Solène (Anne Hathaway), que leva a filha adolescente ao Coachella e lá conhece, por acaso, Hayes, o astro de uma boyband. Dizem que ele é inspirado em Harry Styles e faz sentido mesmo, apesar de o ator (Nicolas Galitzine) negar.
Enfim, aí começa o romance da mãe com o boyzinho e, sinceramente, é um deleite. É uma fanficona mesmo, é muita cena de romance, de tensão sexual, de sexo (inclusive achei as cenas de soft porn até que bem decentes, tirando por uma parte que é bem irreal, mulheres entenderão), de Anne Hathaway e Nicolas Galitzine sendo absurdamente lindos em várias cidades da Europa.
Eu me senti contemplada no sentido de que me venderam um romancinho fofo e me entregaram demais. Assisti ao filme todo com um sorriso no rosto, foi um ótimo entretenimento, um ótimo escapismo. Não vá assistir esperando que ele mude a sua vida, mas só que ele te divirta ali por duas horinhas. E a trilha sonora é ótima também! Tem Maggie Roggers, Fiona Apple, St. Vincent e umas músicas originais da boyband da história. Adorei, nota 10 no que se propõe a ser. Tá no Prime Video.
🥗Molhos para saladas: Eu tinha uma crença limitante (kkk ódio de quem mete expressões de psicologia barata em conversas, fiz isso agora ironicamente) de que eu não era boa pra fazer molhos. Molhos em geral. Meu molho de tomate é até ok, mas meu molho branco nunca foi incrível, e molhos pra salada eu nunca tinha acertado também. Até agora.
Depois de assistir ao documentário Os Segredos da Alimentação, fiquei decidida a comer mais salada no meu dia a dia (juro, influenciável neste nível), para alegrar meu organismo. O problema é que eu gosto quando tem um molhinho, né, um negócio que dê vontade de comer um prato de alface e rúcula. Aí fui atrás de receitinhas e descobri que agora eu sou ótima em molhos!!
As ideias que vou passar aqui eu peguei de três fontes: perfil da Maqui Nobrega no Instagram, site da Rita Lobo e vozes da minha cabeça. Todas valem para uma porção individual —ou seja, se for fazer salada pra mais gente, dobre, triplique, quadriplique, etc. É tudo muito simples, e a base é a mesma: azeite e mel.
Molho shoyu e mel: uma colher de sopa de molho shoyu, uma colher de mel, uma colher de azeite e uma pitada de gergelim (opcional).
Molho de mostarda e mel: uma colher de sopa de mostarda (se for a dijon é melhor, mas pode ser a amarela, normal), uma de mel e uma de azeite, pitada de sal.
Molho de balsâmico e mel: uma colher de sopa vinagre balsâmico, uma colher de mel, uma colher de azeite e uma pitada de sal.
O modo de fazer é apenas misturar bem. Uma diquinha é colocar os ingredientes num potinho com tampa, tampar e sacodir bem ali — é mais fácil e funciona melhor do que misturar com colher. Todos ficam absurdamente bons e me ajudaram mesmo a consumir mais folhas, com gosto.
Um aviso: na próxima semana não teremos edição da newsletter, pois eu estarei tirando breves férias (Deus está de prova que esta guerreira merece!!). Mas volto logo e cheia de conteúdo para os posts extras para assinantes pagos!
Na arte aleatória da semana, indico o trabalho da ilustradora Jo Pearson, que faz basicamente desenhos de bichos. Mas eles têm um quê artístico que acho interessante. Adorei, por exemplo, essa ilustração de um sapo com energia de “cortei o cabelo, gostaram?” (querendo realmente exibir o derrière).
Boa semana =)